Dados do Censo 2022 sobre pessoas com deficiência e autistas devem ser divulgados no segundo trimestre deste ano, prevê o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em comunicado à imprensa nesta segunda-feira, 31.
É a quarta previsão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para a apresentação das informações específicas sobre essas populações. Em questionamentos anteriores do blog Vencer Limites, o IBGE havia declarado em 2023 que os resultados sairiam no ano seguinte. Em julho de 2024, voltou a dizer que seriam divulgados no último trimestre do ano passado, mas em novembro modificou a expectativa para 2025.
"O cronograma dos resultados apresenta trimestralmente a previsão de divulgações que contemplam temas como educação, religião, fecundidade, nupcialidade, pessoas com deficiência, autismo, trabalho e rendimento, migração e deslocamento para estudo e trabalho. Também estão previstos novos dados sobre as populações quilombola e indígena. Vale lembrar que, devido à complexidade das etapas de tratamento dos dados, poderão ser feitos ajustes no calendário", diz o órgão.
Somente indivíduos quem têm 'muita dificuldade' ou 'não conseguem de modo algum' fazer uma atividade foram identificados como pessoas com deficiência no Censo 2022. E houve a inclusão de questão específica sobre o Transtorno do Espectro Autista. O questionário seguiu orientações do Grupo de Washington, do conjunto curto de questões sobre deficiência (short set of disability questions), difundido internacionalmente entre órgãos de estatística e institutos de pesquisas.
Os resultados preliminares da amostra começaram a ser publicados em dezembro de 2024 nos relatórios 'Características dos domicílios: Resultados preliminares da amostra' e 'Educação: Resultados preliminares da amostra'.
"Considerando o cenário desafiador de pandemia que vivenciamos na última década e o consequente adiamento da operação, originalmente prevista para 2020, o IBGE entende a necessidade de apresentar os dados do Censo, que são balizadores para definições de diversas políticas públicas e privadas, com a maior brevidade possível. Com esse objetivo, o Instituto inovou sua estratégia de divulgação, apresentando os resultados tema a tema, à medida que as etapas de tratamentos dos dados vão sendo finalizadas. Dessa forma, até o momento foram divulgados mais de 25 produtos desde o fim da coleta do Censo 2022, com previsão de mais de uma dezena de publicações ao longo de 2025", diz Giulia Scappini, coordenadora do Censo Demográfico.
Instituto não usou o IFBrM (Índice de Funcionalidades Brasileiro Modificado) - "Para compreender a deficiência como produto da interação entre funções e estruturas corporais, com limitações e barreiras sociais e ambientais, resultando em restrições de participação em igualdade de condições com as demais pessoas, o Censo está em consonância com a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), a Convenção de Direitos da Pessoa com Deficiência da Organização das Nações Unidas e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (nº 13.146/2015), mas o Índice de Funcionalidades Brasileiro Modificado (IFBMr) ainda não foi implantado nos órgãos brasileiros, mesmo aprovado na Resolução CONADE nº 01/2020, época em que o questionário do Censo já havia sido definido", detalhou o IBGE ao blog Vencer Limites no ano passado.
Mudanças constantes geram dúvidas e afetam políticas públicas - Estatísticas a respeito da população com deficiência do Brasil sofreram várias alterações nos últimos 15 anos.
O Censo de 2010 estabeleu 45,6 milhões de habitantes com deficiência. Algum tempo depois, o próprio IBGE reconheceu que os critérios de identificação da pessoa com deficiência na enquete levaram os pesquisadores a uma quantificação errada.
Não houve Censo em 2020. Em 2021, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), também coordenada pelo IBGE, contabilizou 17 milhões de pessoas com deficiência. Em 2022, na 'Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): Pessoas com Deficiência', foi divulgado que o Brasil tinha 18,6 milhões de pessoas com deficiência, número que permanece oficial.