Daniel Alves: 2º dia de julgamento de jogador acusado de estupro termina com depoimento da esposa

Joana Sanz declarou que o marido chegou em casa muito bêbado, e que não conversaram no dia dos fatos, devido ao seu estado

6 fev 2024 - 11h17
(atualizado às 15h14)
Resumo
O segundo dia do julgamento de Daniel Alves, acusado de estuprar uma mulher de 23 anos, teve início em Barcelona, na Espanha. Nesta terça, 6, serão ouvidas 22 testemunhas, entre elas a esposa do jogador, Joana Sanz.
Julgamento de Daniel Alves será retomado na próxima terça-feira (6)
Julgamento de Daniel Alves será retomado na próxima terça-feira (6)
Foto: EPA / Ansa - Brasil

O segundo dia do julgamento de Daniel Alves, acusado de estuprar uma mulher de 23 anos, em uma boate em Barcelona, na Espanha, ocorreu nesta terça-feira, 6. A esposa do jogador, Joana Sanz, foi a última pessoa a depor à corte. Além dela, amigos de Daniel, o dono e funcionários da boate onde o fato ocorreu e agentes da polícia também fora ouvidos.

De acordo com o jornal La Vanguardia, a advogada do lateral, Inés Guardiola, chegou cerca de 15 minutos antes do início do julgamento. Pouco depois, Joana também chegou ao tribunal, acompanhada por dois seguranças.  

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A sessão começou às 11h10 (horário de Brasília), e terminou por volta das 14h30 . O primeiro a depor foi diretor da boate Sutton, onde o crime teria acontecido. Já a última declarante foi Joana Sanz, esposa de Daniel, que disse que jogador tinha bebido muito no dia dos fatos.

O Ministério Público pede que o brasileiro seja condenado a nove anos de prisão, e o pagamento de uma indenização de 150 mil euros à vítima por um crime de natureza sexual. Já a defesa da vítima pede que a pena seja aumentada para 12 anos de prisão, o máximo para um crime de agressão sexual.

Joana Sanz

Esposa de Daniel Alves, Joana Sanz disse em depoimento ao tribunal que, no dia dos fatos, o jogador chegou muito bêbado em casa.

“Ele foi comer com seus amigos no restaurante. Passou o dia aí e voltou era quase 4h da manhã. Voltou muito bêbado, uma pessoa com muito álcool. Bateu no armário e caiu na cama”. 

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Joana declarou ainda que estava acordada quando Daniel chegou em casa, mas eles não conversavam muito “por causa do estado em que ele se encontrava”.

Testemunhas da boate

O diretor da Sutton foi o primeiro a ser ouvido e declarou que a vítima contou o que havia acontecido, e que ela estava “bastante afetada”. Robert Massanet afirmou que foi difícil convencê-la de denunciar e iniciar o protocolo de agressão sexual. “Ela me disse que não iam acreditar nela. E que ela tinha entrado voluntariamente (no banheiro), que depois queria sair e não foi impedida”. 

Ele também contou que em dado momento, enquanto conversava com a jovem para entender o que estava acontecendo, Daniel Alves passou pelo corredor em direção à saída, e a vítima apontou que havia sido ele o autor da agressão sexual.

O segundo ouvido foi o gerente do local, que afirmou que Daniel Alves não “estava com sempre, ou tinha bebido, ou teria tomado alguma coisa, mas não estava agindo normalmente”. A segunda testemunha de hoje apoia a tese da defesa de que o jogador estava embriagado quando os fatos aconteceram

Já um assistente do local relatou à corte que a jovem explicou que “sabia o que ia fazer” quando entrou no banheiro com o lateral, “mas depois se arrependeu”.

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Amigos de Daniel

Amigo de Daniel Alves, Bruno Brasil contou que eles foram até a boate de carro naquela noite, já que o jogador “bebeu muito” ao longo da tarde. Em seu depoimento, ele explicou que conheceram a vítima e suas amigas, e que Daniel Alves dançava com elas. 

Ao ser questionado pelo Ministério Público, Bruno relatou que viu o atacante ir até o banheiro, e logo em seguida, a vítima. Minutos depois, viu o brasileiro sair do banheiro, juntando-se a ele para dançar com as meninas. Quando foi abordado pelo jogador, o amigo estava dançando com a prima da denunciante. 

Em seguida, a vítima chegou até o local em que estava, e juntamente com sua prima, se despediu deles. Brasil e Alves continuaram na área VIP por mais um tempo. Mais tarde, decidiram ir embora, pois haviam “bebido demais”. Ele dirigiu novamente para levar o acusado para casa.

Ainda em depoimento, Bruno disse que ao sair da boate, não viu a denunciante chorando, pois estava muito escuro. Segundo ele, o atleta não explicou o que aconteceu no banheiro.

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Ulises, outro amigo de Daniel Alves, afirmou que eles beberam das 14h até 1h da manhã do dia dos fatos. “Exatamente [quanto de bebida] não lembro. Eu diria que pedimos umas cinco garrafas de vinho, uma de uísque. Thiago não bebe, Bruno bebe pouco, então eu e Daniel bebemos muito. Pedimos quatro drinks de gin tônica. Ele tinha bebido bastante”, declarou ao tribunal. 

Tiago, o amigo citado, afirmou reforçou que beberam entre quatro e cinco garrafas de vinho, além de uísque e gin tônica. 

Autoridades

Agentes da polícia que atendaram ao chamado na boate também foram convocados para prestar depoimento. Um deles declarou que, após conversar com a vítima, a jovem estava abalada e chorava.

"Ela não quis dar muitos detalhes, começou a chorar. Ela nos disse que não queria fazer denúncia, que não queria que seu nome fosse divulgado. Tivemos que acalmá-la e dizer que ela não era culpada do ocorrido", disse a testemunha. 

O segundo policial que atendeu a vítima relatou que a jovem chegou a declarar que "não queria dinheiro, queria Justiça".

Primeiro dia

Na segunda-feira, 5, primeiro dia do julgamento, foram ouvidos a suposta vítima, além de testemunhas, como uma amiga da mulher que o denunciou e uma prima, que estavam com ela na casa noturna em que o crime teria acontecido. Por isso, a mãe da jovem foi dispensada de depor nesta terça, após decisão do Tribunal Espanhol. 

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Julgamento de Daniel Alves
Foto: Getty Images

A denunciante prestou esclarecimentos através de um biombo, para que não tivesse contato com o jogador. Além disso, sua voz foi alterada para dificultar sua identificação. A mulher contou por cerca de 1h15, que Daniel Alves a "levou várias vezes a mão dela até seu pênis, que ela retirou assustada", enquanto dançavam, e que depois, ele pediu à ela para segui-lo até uma porta.

Nesse momento, ela se deu conta de que era um banheiro, e tentou sair, mas foi impedida. O brasileiro a teria penetrado com violência, e “ejaculou dentro dela”. Após o abuso, ele teria deixado o banheiro primeiro. A tese é reforçada pelos exames, nos quais foram encontrados o DNA do lateral. 

Na sequência, Ana Matallana, amiga da vítima, contou que viu o jogador se aproximando da denunciante, “com a mesma atitude pegajosa” com que ele teria se aproximado dela. De acordo com o ge, ela relata ainda que viu a amiga tensa, e percebeu o momento em que os dois foram até uma porta, mas depois, os perdeu de vista. 

A jovem lembrou que a vítima saiu do local dizendo: “Ele me machucou muito, ele me machucou muito". O mesmo foi ratificado pela prima da denunciante, que também estava na boate. De acordo com La Vanguadia, ela contou que quando a vítima saiu do banheiro, viu que “ela estava com a cara muito feia”.

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"Perguntei a ela se ela estava bem e se ela queria que a gente fosse embora, e ela me disse que precisava ir embora. Saímos de lá e eu escrevi para minha amiga dizendo que ela precisava ir embora. Ela apenas me disse que ele a machucou muito, e que tinha ejaculado dentro dela”. 

Julgamento de Daniel Alves
Foto: Getty Images

Um segurança também foi ouvido, e afirmou que a reclamante estava chorando muito e dizendo aos amigos que o jogador lhe tinha feito “muito mal”, mas resistiu em denunciá-lo. Ele disse que ela parecia estar “muito nervosa” e “sofrendo”. 

Um dos garçons da boate contou que um amigo dele foi quem atendeu Daniel Alves primeiramente naquela noite. Outro garçom disse que o jogador era um cliente habitual da casa noturna, e sabia que existia uma suíte dentro da área VIP.

Conforme o ge, dentro do cômodo há um banheiro, onde o crime teria ocorrido. Ambos afirmaram que não notaram nenhum comportamento estranho do jogador. 

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Entenda o caso

No dia 30 de dezembro de 2022, segundo os relatos publicados pela imprensa espanhola, a vítima foi convidada por Daniel Alves para entrar em uma área VIP de uma boate em Barcelona. No espaço reservado, a mulher conheceu o lateral brasileiro e os dois dançaram juntos. De acordo com os jornais, a denunciante relatou que o jogador "levou várias vezes a mão dela até seu órgão íntimo, que ela retirou assustada". Depois disso, os dois teriam entrado em um banheiro, onde o crime teria ocorrido.

A mulher teria tentado deixar o banheiro, mas foi impedida pelo agressor. De acordo com o relato, o jogador deixou o banheiro antes da vítima após ter penetrado de maneira violenta até ejacular. A mulher teria saído depois e contado o que aconteceu a uma amiga.

Após o ocorrido, a vítima teria ido imediatamente a um hospital para fazer exames. Dois dias depois, os resultados constataram DNA de Daniel Alves nos testes feitos pela jovem.

A Justiça espanhola ordenou a prisão do atleta depois de ouvir depoimentos contraditórios do brasileiro. Ao longo da investigação, o ex-Barcelona apresentou diferentes versões sobre o caso. Na última delas, admitiu que teve relações sexuais com a acusadora, mas afirmou que isso aconteceu de forma consensual.

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Julgamento de Daniel Alves
Foto: Getty Images

Inicialmente, Daniel Alves foi preso no Centro Penitenciário Brians I, mas foi transferido para o Brians II três dias depois da detenção. A cadeia fica localizada no município Sant Esteve Sesrovires, a 40 km de Barcelona. O lateral trocou de representantes durante a investigação - o advogado que defendia o brasileiro alegou que o caso "estava perdido". A juíza do caso entende que o processo tem provas suficientes para a condenação do jogador.

Fonte: Redação Terra
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