Daniel Alves começa a ser julgado na Espanha

O atleta é acusado de estuprar uma mulher em uma boate em Barcelona em dezembro de 2022

5 fev 2024 - 08h46
(atualizado às 09h21)
Daniel Alves está em prisão preventiva desde 20 de janeiro do ano passado
Daniel Alves está em prisão preventiva desde 20 de janeiro do ano passado
Foto: Reprodução: Instagram/danialves

Preso preventivamente há mais de um ano, jogador é acusado de estupro que teria ocorrido no final de 2022. Crime pode ser punido com até 15 anos de reclusão. A Justiça espanhola deu início nesta segunda-feira (05/02) ao julgamento do processo contra o jogador de futebol Daniel Alves, 40, acusado de estuprar uma mulher em uma boate em Barcelona em dezembro de 2022.

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O atleta, que está em prisão preventiva desde 20 de janeiro do ano passado, acompanha neste momento a audiência, realizada na mesma cidade, e que deve se estender até a quarta-feira.

Autoridades espanholas alegam "alto risco de fuga" diante dos "graves" e "diversos" indícios do crime para mantê-lo detido.

Alves - que nega as acusações - se prontificou a entregar seu passaporte e usar uma tornozeleira eletrônica, mas a corte negou o habeas corpus porque o Brasil não extradita cidadãos nacionais para que respondam a processos em outros países.

Na Espanha, o estupro é um crime punível com até 15 anos de reclusão. A acusação pede 12 anos. Caso seja condenado, Alves terá que pagar ainda 150 mil euros (R$ 738 mil) a título de indenização por danos morais e psicológicos.

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O que diz a defesa do jogador

Embora a defesa negue as acusações contra ele, o ex-jogador do Barcelona mudou seu depoimento diversas vezes: primeiro, ele alegou nunca ter visto a mulher e negou ter mantido qualquer contato sexual com ela; depois, voltou atrás, mas afirmou que o episódio teria sido consensual.

A mentira inicial, alegou a defesa do atleta, teria sido um gesto para tentar salvar o próprio casamento - Alves é casado com a modelo espanhola Joana Sanz, que chegou a pedir o divórcio em março de 2023, mas voltou atrás na decisão seis meses depois.

A defesa também usou imagens do circuito interno da boate para tentar invalidar a versão da mulher que teria sido violada, mas a corte decidiu que, mesmo que tenha havido algum flerte entre os dois, aquilo não justificaria "de forma alguma" um eventual estupro.

Desta vez, a defesa deve alegar perante o tribunal que o jogador estava bêbado e, portanto, "não tinha plena consciência do que fez".

Mulher prestará depoimento a portas fechadas

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A mulher que acusa Alves prestará depoimento em caráter reservado, a portas fechadas, para preservar a identidade dela - algo que tem sido alvo de intensas especulações nas redes sociais.

A Espanha tem se esforçado nos últimos anos para levar a sério e processar adequadamente acusações de violência sexual desde que diversos casos ganharam proeminência no debate público.

Também ex-jogador da seleção brasileira, pela qual conquistou dois títulos da Copa América e uma medalha olímpica de ouro, Alves já atuou por outros grandes times europeus além do Barcelona, como o Juventus e o Paris Saint-Germain.

À época da prisão, ele jogava para o mexicano Pumas, mas o contrato acabou encerrado devido ao processo judicial que ele enfrenta.

O que diz a acusação

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O suposto estupro teria ocorrido na noite de 30 para 31 de dezembro numa badalada casa noturna de Barcelona, quando a mulher foi levada para um banheiro.

Acompanhada de amigos, a mulher informou a situação aos seguranças do estabelecimento, que alertaram a polícia da Catalunha. Ainda naquela noite, os agentes da corporação colheram o depoimento da denunciante, que formalizou uma denúncia de agressão sexual junto às autoridades em janeiro.

Na ocasião, os funcionários da boate agiram conforme o protocolo "No Callem", criado pelo governo de Barcelona em 2018 para combater agressões sexuais e violência machista em espaços de lazer da cidade, como discotecas e bares.

Um ponto central do protocolo é deslocar a atenção para as vítimas do abuso ou da agressão sexual. A prioridade das ações deve estar nelas, e não no agressor.

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Outro diferencial do protocolo é o acompanhamento dos funcionários dos estabelecimentos por pessoal especializado em violência sexual, que pode oferecer orientações para garantir a correta aplicação das medidas de prevenção e de como lidar com um caso.

No Brasil, um protocolo semelhante virou lei no final de 2023.

ra (AP, Reuters, AFP, EFE, Lusa, ots)

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