O recurso apresentado na segunda-feira pela defesa de Daniel Alves contra a prisão preventiva do jogador sustenta que provas apresentadas não atestam de forma inquestionável o depoimento da possível vítima de agressão sexual e sugere que há elementos para crer que a história pode estar distorcida.
De acordo com publicação do jornal La Vanguardia, o advogado Cristóbel Martell se dedica de forma mais contundente a dar garantias de que Daniel Alves não deixará a Espanha e se apresentará à Justiça sempre que for requisitado. No entanto, como dito pelo próprio advogado em entrevista ao Programa de Ana Rosa, do Telecinco, a defesa indica, de maneira mais superficial, como se dará a defesa do jogador quanto à acusação de agressão sexual.
De maneira pontual, a defesa de Daniel Alves questiona alguns indícios, recolhidos pelos Mossos d’Esquadra (polícia catalã) e que foram usados na determinação da prisão do jogador. Entre os elementos citados estão imagens de câmeras de segurança, que entrariam em conflito com o depoimento da possível vítima.
As imagens mostrariam que Daniel Alves entrou no lavabo, onde teria ocorrido o estupro, dois minutos antes da vítima. Segundo a defesa, a mulher de 23 anos, depois de conversar com amigos e com um garçom, vai ao lavabo e entra, sem qualquer ajuda de Daniel Alves.
As alegações dos advogados do lateral-direito ainda sustentam que seu cliente está diante de um cenário em que há espaço para questionar as provas, dados os “não tão evidentes, contundentes e devastadores” elementos utilizados no pedido de prisão. A defesa argumenta ainda que há dúvidas se o relato da vítima sobre o que aconteceu entre o casal no banheiro também poderia estar “adornado de elementos idênticos de distorção narrativa.”
Outro componente que a defesa contesta é sobre o cenário descrito pela vítima. Segundo o advogado de Daniel Alves, as gravações desmentiriam “do modo mais radical o clima de terror e pavor” afirmado pela vítima de 23 anos.
CASO DANIEL ALVES
A juíza Maria Concepción Canton Martín decretou a prisão de Daniel Alves no dia 20 de janeiro. Ele foi detido ao prestar depoimento sobre o caso de agressão sexual contra uma mulher na madrugada do dia 30 de dezembro. O Ministério Público pediu a prisão preventiva do atleta de 39 anos, sem direito à fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a detenção.
A acusação se refere a um episódio que teria ocorrido na casa noturna Sutton, em Barcelona, na Espanha. O atleta, que defendeu a seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, teria trancado, agredido e estuprado a denunciante em um banheiro da área VIP da casa noturna, segundo o jornal El Periódico. Ela procurou as amigas e os seguranças da balada depois do ocorrido.
A equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia catalã (Mossos d’Esquadra), que colheu depoimento da vítima. Uma câmera usada na farda de um policial gravou acidentalmente a primeira versão da vítima sobre o caso, corroborando o que foi dito por ela no depoimento oficial. A mulher também passou por exame médico em um hospital. Daniel Alves foi embora do local antes da chegada dos policiais.
Segundo a imprensa espanhola, a contradição no depoimento do lateral-direito foi determinante para o Ministério Público do país pedir a prisão e a juíza aceitar. No início de janeiro, o jogador deu entrevista ao programa “Y Ahora Sonsoles”, da Antena 3, em que confirmou que esteve na mesma boate que a mulher que o acusa, mas negou ter tocado na denunciante sem a anuência dela e disse que nem a conhecia.
No depoimento, porém, de acordo com os meios de comunicação da Espanha, o atleta afirmou que esteve com a mulher, mas sem ato sexual. Posteriormente, admitiu o ato sexual, mas alegou que a relação foi consentida. Segundo a rádio Cadena SER, imagens da vigilância interna do local confirmam que Daniel Alves ficou 15 minutos com a mulher no banheiro. Material coletado encontrou vestígios de sêmen tanto internamente quanto no vestido da denunciante.
O Pumas, do México, anunciou que o contrato de trabalho de Daniel Alves com o clube foi rompido por justa causa.