Delegado acusado de matar esposa e enteada recebeu R$ 1,1 milhão em salários mesmo preso

Polícia Civil informou que a Constituição Federal define que ele só deixe de ser remunerado em caso de demissão

8 abr 2024 - 10h39
(atualizado às 10h54)
Delegado Erik Busetti segura a arma do crime –
Delegado Erik Busetti segura a arma do crime –
Foto: Reprodução. / Banda B

Preso há quatro anos, um mês e quatro dias sob a acusação de ter assassinado a tiros a esposa e a enteada, o delegado Erik Wermelinger Busetti recebeu pelo menos R$ 1.136.483,27 em salários brutos desde que foi detido em flagrante pelo crime. O levantamento foi feito pela Banda B com base no Portal da Transparência do Governo do Paraná.

O valor total da remuneração recebida pelo réu por duplo feminicídio desconsidera 13.º salário e pagamentos por férias. Caso sejam levados em conta, somente esses valores somam R$ 93.944,41. Segundo o Portal da Transparência, Erik Busetti possui vínculo ativo com o Estado do Paraná desde abril de 2004.

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O que é feminicídio? O que é feminicídio?

O delegado recebeu uma remuneração bruta de R$ 53.525,40 em dezembro de 2023. Naquele mês, o valor líquido depositado em sua conta foi de R$ 35.247,28, uma vez que houve descontos que totalizam pouco mais de R$ 18 mil por causa do Imposto de Renda e da Previdência.

Procurada pela Banda B, a Polícia Civil do Paraná informou que o delegado segue recebendo salário porque a Constituição Federal define que ele só deixe de ser remunerado em caso de demissão. De acordo com a corporação, o servidor é alvo de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), procedimento que pode levá-lo à demissão, mas foi suspenso por decisão da Justiça.

"O servidor continua recebendo seus proventos pois a Constituição proíbe corte até que o mesmo seja demitido. A PCPR tem um Processo Administrativo Disciplinar em andamento, que leva à demissão, porém este foi travado por decisão judicial até que seja concluído o processo criminal", disse, em nota.

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A Banda B procurou a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e aguarda retorno.

O julgamento

Erik Busetti será julgado, nesta segunda-feira (8), no Tribunal do Júri de Curitiba. O Ministério Público do Paraná (MPPR) o denunciou pelo duplo feminicídio de Maritza Guimarães de Souza, de 41 anos, e de Ana Carolina de Souza, de 16. Para a Promotoria, o crime foi cometido com motivo torpe, pois ele não aceitava o fim de relacionamento.

À reportagem, o advogado de defesa do delegado, Claudio Dalledone Jr., afirmou que pretende "desconstruir a narrativa de que ele cometeu um feminicídio" - crime baseado em ódio contra o gênero.

O crime

O delegado Erik Busetti é acusado de matar a tiros a esposa e a enteada no dia 4 de março de 2020, na casa em que viviam, no bairro Atuba, em Curitiba (PR). Uma câmera de segurança instalada no interior do imóvel registrou os assassinatos. À época, ele foi preso em flagrante.

O delegado Erik Busetti, acusado de duplo feminicídio, na cena do crime –
Foto: Reprodução/Câmera de segurança / Banda B

Maritza Guimarães de Souza era escrivã da Polícia Civil, e Erik Busetti atuava na Delegacia do Adolescente. O crime ocorreu enquanto a filha do casal, de 9 anos, estava dormindo em um dos quartos da casa.

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O delegado teria agredido a enteada com chutes e tapas e a assassinado no momento em que ela abraçou a mãe. A esposa teria sido atingida por pelo menos sete tiros, enquanto a adolescente, seis.

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