Desigualdade no Brasil atinge mais duramente pessoas com deficiência, mostra IBGE

Pesquisa mostra que participação no mercado de trabalho e renda de deficientes é menor que a de quem não tem deficiência; situação piora para mulheres e pessoas pretas ou pardas

21 set 2022 - 10h46
(atualizado às 11h11)
Desigualdade atinge ainda mais duramente pessoas com deficiência física ou mental, aponta levantamento do IBGE
Desigualdade atinge ainda mais duramente pessoas com deficiência física ou mental, aponta levantamento do IBGE
Foto: Fábio Motta/Estadão

Considerada um dos maiores problemas do Brasil, a desigualdade atinge ainda mais duramente pessoas com deficiência física ou mental. A constatação está na pesquisa Pessoas com Deficiência e as Desigualdades Sociais, divulgada na manhã desta quarta-feira, 21, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    De acordo com o trabalho, a taxa de participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é bem baixa, 28,3%. É um porcentual bem menor do que o de pessoas sem deficiência, 66,3%. E o seu rendimento médio mensal é de R$ 1.639, enquanto que os trabalhadores sem deficiência recebem em média R$ 2.619.

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    As pessoas com deficiência estão concentradas em áreas do mercado de trabalho que tradicionalmente pagam menos, como serviços domésticos, agropecuária, e alojamento e alimentação. A desocupação também é maior nesse grupo: 10,3% contra 9%.

    Mulheres e pretos ou pardos: situação pior

    Dificuldades e desvantagens no mercado de trabalho são reconhecidamente maiores para mulheres e pessoas de cor preta ou parda. A situação é pior entre as pessoas com deficiência, em que as desvantagens se acumulam. Mulheres com deficiência têm taxas de desocupação maiores que as dos homens. Para as mulheres negras, essa taxa chega a 13,4%. O mesmo indicador é de 12,6% para as mulheres brancas com deficiência e de 8,3% para as mulheres brancas sem deficiência.

    Há diferenças significativas de participação no mercado de trabalho também de acordo com o tipo de deficiência. A taxa é significativamente maior, por exemplo, entre as pessoas com deficiência visual (37%) do que entre aquelas com deficiência mental (5,3%). Os números indicam a necessidade de políticas publicas de inclusão.

      O acesso à educação é outro problema, aponta o trabalho. O Censo Escolar de 2019 mostra que a proporção de escolas do ensino fundamental com infraestrutura adaptada para alunos com deficiência chega a 55%. No ensino médio essa proporção é de 67,4%. Mas há disparidades regionais significativas: em São Paulo, por exemplo, apenas 33% das escolas de ensino médio eram adaptadas, contra 96,1% em Santa Catarina.

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      Segundo a pesquisa, há no Brasil 17,2 milhões de pessoas com deficiência. Isso corresponde a 8,4% da população. A maior proporção delas vive no Nordeste (9,9%) e a menor no Centro-Oeste (7,1%).

      O trabalho do IBGE revela que as deficiências se concentram entre pessoas mais idosas. Entre aquelas com 60 anos ou mais, 24,8% apresentavam alguma deficiência, enquanto na faixa de 2 a 59 anos o porcentual corresponde a 5,1%. O perfil das pessoas com deficiência é mais feminino (9,9%) do que masculino (6,9%). Quando se considera a cor ou a raça, é mais incidente entre as pessoas pretas ou pardas (8,7%) do que entre as brancas (8%).

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