"Dinheiro não pode comprar dignidade", diz Lula sobre liberdade de Daniel Alves

No discurso proclamado no aniversário do PT, ele também alfinetou o jogador Neymar, por seu envolvimento financeiro na condenação de Daniel

21 mar 2024 - 14h45
(atualizado às 14h46)

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente brasileiro, realizou um discurso nesta quarta-feira (20) em que criticou a liberdade condicional concedida ao jogador de futebol Daniel Alves, sob fiança de 1 milhão de euros (aproximadamente R$ 5,5 milhões). No discurso, ele também alfinetou o jogador Neymar, por seu envolvimento financeiro na história.

Fiança de Daniel Alves é de 1 milhão de euros
Fiança de Daniel Alves é de 1 milhão de euros
Foto: José Cruz / Agência Brasil / Perfil Brasil

"O Daniel Alves pode ser libertado se pagar alguma coisa. Eu aprendi lá em Pernambuco, quando era pequeno, que as pessoas diziam: 'Aqui no Nordeste, quem tem 20 contos de réis não é preso', e a gente está vendo que essa máxima continua", disse.

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O discurso se deu em aniversário de 44 anos do Partido dos Trabalhadores (PT).  "Isso é crime, é contra essas injustiças que nós não podemos nos calar. O dinheiro não pode comprar a dignidade", enfatizou o líder brasileiro.

Lula se refere à decisão tomada pelo Tribunal de Barcelona, onde os magistrados assentiram que o jogador poderá sair da prisão se pagar a fiança estabelecida. A medida aceita pelo tribunal envolve o confisco dos passaportes (espanhol e brasileiro) de Daniel, a proibição de sair do país e o comparecimento semanal ao tribunal. Ele também estará proibido de se aproximar da vítima, devendo ficar a pelo menos um quilômetro afastado de sua casa, seu trabalho ou qualquer local que ela frequente. Ele, ainda, não poderá entrar em contato com a vítima.

Para pagar a fiança estabelecida pela justiça francesa, Daniel Alves contará com a ajuda de Neymar da Silva Santos, o pai do jogador Neymar Jr. Neymar já havia se envolvido financeiramente no caso, quando fez um aporte em juízo para diminuir a pena para o jogador, que inicialmente estava sendo julgado para nove anos de prisão, a pedido do Ministério Público.

Em menção a este fator, Lula afirmou que o dinheiro de Alves ou "que alguém possa emprestar para ele não pode comprar a ofensa que um homem faz a uma mulher praticando estupro".

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Ester García, advogada que representa a vítima de estupro, disse em entrevista à rádio Rac 1 que vai recorrer à decisão. "Parece que está sendo feita justiça para os ricos. É um escândalo que libertem uma pessoa que sabem que pode conseguir um milhão de euros como se fosse nada".

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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