O patriarcado é uma construção social desenvolvida em contextos históricos específicos, sustentada por dinâmicas econômicas e sociais.
O patriarcado não é uma ordem natural e, sim, uma construção social desenvolvida em contextos históricos específicos sustentada por dinâmicas econômicas e sociais. A história dele remonta a transformações profundas nas formas de organização social da humanidade.
Antes da agricultura, as sociedades de caçadores-coletores eram relativamente igualitárias, marcadas por mobilidade constante e ausência de acumulação de riquezas. Nesse contexto, as mulheres tinham maior autonomia, sem estarem sujeitas a estruturas sociais rígidas.
O cenário começou a mudar cerca de 12 mil anos atrás, com o advento da agricultura e da criação de gado. A necessidade de proteger os recursos acumulados levou ao estabelecimento de assentamentos fixos e a uma maior militarização das comunidades.
Nesse novo modelo, o papel dos homens como defensores dos recursos se tornou central, e eles passaram a deter o controle sobre os bens, como terras e animais. O poder econômico e social começou a se concentrar neles, enquanto as mulheres foram gradualmente relegadas a papéis ligados à reprodução e ao cuidado doméstico, uma vez que eram consideradas "fracas" para combates.
A acumulação de riquezas também alterou a dinâmica dos casamentos. Com o objetivo de garantir herdeiros legítimos para preservar e transmitir propriedades, as mulheres tiveram sua sexualidade controlada e passaram a ser tratadas como um recurso a ser negociado, evidenciando como as relações de gênero foram moldadas pelas estruturas econômicas da época.
A disseminação desses valores patriarcais foi consolidada por conflitos e guerras, que fortaleceram os papéis de liderança masculina. Modelos sociais favoreceram o altruísmo entre homens, criando estruturas que perpetuavam o domínio masculino. Mesmo em sistemas monogâmicos, a necessidade de controlar a herança e a sexualidade das mulheres mantinha sua posição subordinada.
Liberdade de escolha
Atualmente, movimentos feministas e lutas por igualdade buscam reverter séculos de desigualdade. Essas mulheres não lutam apenas por autonomia reprodutiva, através do direito ao aborto, como também pela liberdade de escolha sobre a maternidade, igualdade no mercado de trabalho, fim da violência de gênero, participação política plena, reconhecimento e valorização do trabalho doméstico e de cuidados, entre outras demandas que equiparam homens e mulheres na sociedade.
Essas lutas visam transformar as estruturas sociais de maneira mais ampla, garantindo que as mulheres possam viver em um mundo onde suas capacidades e direitos sejam reconhecidos, sem limitações impostas pela desigualdade histórica.