Durante avanço de delação de Lessa, PF identificou ida de familiares de Chiquinho Brazão aos EUA

PF acredita que viagem era indício de que ele poderia planejar fugir; ele e o irmão foram presos suspeitos de mandarem matar Marielle

25 mar 2024 - 13h13
(atualizado às 13h51)
O deputado Chiquinho Brazão (União-RJ) chegando ao aeroporto de Brasília na tarde deste domingo, 24.
O deputado Chiquinho Brazão (União-RJ) chegando ao aeroporto de Brasília na tarde deste domingo, 24.
Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO / Estadão

Durante o avanço da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, a Polícia Federal identificou movimentações suspeitas de familiares do deputado federal Chiquinho Brazão, preso junto com o irmão, Domingos Brazão, suspeitos de serem os idealizadores do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. As informações são da coluna Bela Megale, do jornal O Globo.

À coluna, investigadores afirmaram que após a delação de Lessa ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), os policiais identificaram uma viagem de familiares de Chiquinho, entre eles sua esposa, com destido para os Estados Unidos. A PF acredita que a viagem era um indício de que ele poderia planejar fugir.

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A Polícia Federal também apurou que Chiquinho Brazão tinha uma passagem para uma viagem do Rio para Brasília no domingo, 24, dia em que foi preso. 

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Além dos irmãos Brazão, a PF prendeu preventivamente Rivaldo Barbosa, que que havia sido nomeado chefe da Polícia Civil um dia antes do do assassinato de Marielle e na época do crime até consolou a família da vereadora. Ele é suspeito de ter usado o cargo para proteger os irmãos Brazão e impedir que as investigações chegassem a dupla. 

Segundo informações do jornal O Globo, a operação foi antecipada para este final de semana para preservar o "fator surpresa", já que havia potencial risco de fuga dos investigados.

Por que Mariele foi morta?

As investigações indicam que o planejamento da execução teria começado no segundo semestre de 2017, após uma "descontrolada reação" de Chiquinho Brazão devido à participação de Marielle na votação do Projeto de Lei Complementar 174/2016. A proposta, de autoria de Chiquinho Brazão quando ainda era vereador, dispunha sobre a regulamentação fundiária de loteamentos e grupamentos existentes nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá, assim como nos bairros da XVI RA – Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. 

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A presença de Marielle junto a comunidades em Jacarepaguá era o que mais atrapalhava os interesses dos irmãos. Na região, em sua maioria é dominada por milícias, se concentrava relevante parcela da base eleitoral da família Brazão.

Também foram identificados diversos indícios do envolvimento dos Brazão com atividades criminosas, incluindo as relacionadas com milícias e 'grilagem' de terras. Ficou, então, delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização funciária e defesa do direito à moradia. No caso, Marielle queria utilizar esses territórios para fins sociais e a construção de moradias populares.

'Cinco anos de investigações infrutíferas'

O inquérito da Polícia Federal foi instaurado em 21 de julho de 2023, cinco anos após o crime que tirou a vida de Marielle Franco e de Anderson Gomes, motorista que foi executado junto com a vereadora.

Junto com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, citou terem se passados "cinco anos de investigações infrutíferas" pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. No entanto, os resultados da operação da Polícia Federal em torno do caso, iniciadas após o presidente Lula tomar posse, são o "triunfo do povo brasileiro contra a criminalidade avançada".

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Para Lewandowski, as investigações também revelam o modus operandi das milícias do Rio de Janeiro, "que é bastante sofisticado". A partir disso, com os documentos e informações que serão obtidos por meio dos mandados de busca e apreensão domiciliar e pessoas que também foram expedidos, a expectativa é que outros casos também sejam desvendados. 

Fonte: Redação Terra
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