"É preciso derrotar o nazi-fascismo", diz Sueli Carneiro

Afirmação da filósofa e uma das fundadoras do Geledés ocorreu durante encontro da iniciativa Quilombo nos Parlamentos

14 set 2022 - 15h44
(atualizado às 17h40)
Imagem mostra Sueli Carneiro com o cartaz "Vote Antirracista", do Quilombo nos Parlamentos.
Imagem mostra Sueli Carneiro com o cartaz "Vote Antirracista", do Quilombo nos Parlamentos.
Foto: Imagem: Divulgação/Natália Carneiro / Alma Preta

Sueli Carneiro, Cida Bento, Hélio Santos, Mônica Oliveira e Anielle Franco participaram de um encontro, com ativistas, influenciadores e jornalistas para reforçar a importância da iniciativa Quilombo nos Parlamentos. O evento ocorreu no dia 13 de setembro, terça-feira, às 19h, na Casa do Povo, bairro do Bom Retiro, em São Paulo.

Com a mediação de Sheila Carvalho, Coalizão Negra por Direitos, e Vanessa Nascimento, Instituto Peregum, as convidadas fizeram uma leitura sobre o cenário político vivido no país e reforçaram a necessidade de derrotar o atual presidente, Jair Bolsonaro, nas eleições do dia 2 de Outubro.

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"A prioridade absoluta é derrotar o nazi-fascismo que temos ai. Precisamos reestabelecer aquela democracia de baixa intensidade. É o pré-requisito para voltarmos para o jogo. Todos nós que estamos aqui temos uma responsabilidade para conseguir isso, de preferência, no primeiro turno", explicou Sueli Carneiro, filósofa e uma das fundadoras do Geledés, instituto da mulher negra.

Sueli Carneiro também destacou a importância da iniciativa do Quilombo nos Parlamentos e apontou para a necessidade de se alcançar uma sociedade mais democrática para todos. "Precisamos construir um novo país onde a diversidade humana seja celebrada, onde possamos nos confraternizar com as nossas diferenças".

O Quilombo nos Parlamentos é uma iniciativa da Coalizão Negra Por Direitos que reúne 120 candidaturas de pessoas negras em 23 estados da federação, incluindo o Distrito Federal. O objetivo é o de construir um poder legislativo, a nível federal e estadual, de maneira mais representativa da sociedade brasileira e com maior participação de figuras ligadas ao movimento negro.

Mônica Oliveira, integrante da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, ressalta que a Coalizão Negra por Direitos não busca eleger qualquer pessoa negra, mas aquelas comprometidas com as agendas históricas do movimento social.

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"O rigor é apoiar quem está de verdade, quem assume a agenda de combate ao racismo como sua prioridade, quem está disposto e disposta para estar na linha de frente com a gente", afirma.

Os candidatos estão divididos em legendas de esquerda e centro-esquerda, como PT, PSOL, PSB, PCdoB, Rede, PDT, UP e PV. As 36 candidaturas para o Congresso Nacional e 84 candidaturas às Assembleias Legislativas e à Câmara Distrital formam o projeto, de característica suprapartidária.

A maior quantidade de parlamentares negros é uma possibilidade de dar maior força política para o movimento social negro e enfrentar o racismo. O professor Hélio Santos relatou a história de uma colega branca, que o questionou sobre como poderia ajudar a mudar o atual cenário no país. "O voto de todas as pessoas têm o mesmo peso. Mobilize as pessoas para eleger pessoas negras", respondeu.

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Cida Bento, coordenadora do CEERT, enfatizou o momento único, de grande mobilização de pessoas negras na sociedade e de participação de pessoas brancas no processo. "Sim, nós estamos vivendo uma coisa muito diferente. A nossa voz nunca foi tão ouvida nas periferias. A gente nunca impactou tanto a nossa populacao negra e nunca tivemos tantas pessoas brancas perguntando: o que eu faço agora? Mas a gente já fez antes, fizemos curso, mas não foi como agora".

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Os desafios colocados para a iniciativa Quilombo nos Parlamentos e para a Coalizão Negra por Direitos não se limitaram para o pleito. Anielle Franco, coordenadora do Instituto Marielle Franco, acredita na eleição de um número significativa de pessoas negras. Para ela, há o desafio de cuidar das pessoas eleitas, em especial das mulheres negras.

"Eu convoco as pessoas para que a gente cuide. A gente tem mulheres que hoje têm apoio de segurança privada, mas porque minha irmã levou 5 tiros na cabeça. mas ninguém teve a capacidade de olhar para aquela mulher e pensar na segurança dela, mas hoje existe". Marielle Franco e Anderson Gomes foram executados no dia 14 de março de 2018. As investigações ainda não chegaram aos mandantes do crime.

Com mais de 250 organizações aglutinadas, a Coalizão Negra por Direitos é o principal agente negro da sociedade civil. "Em defesa da vida, do bem-viver e de direitos arduamente conquistados, irrenunciáveis e inegociáveis, seguiremos honrando nossas e nossos ancestrais, unificando em luta toda a população afro-diaspórica, por um futuro livre de racismo e de todas as opressões", afirma a rede em seu manifesto.

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