Suspeito foi gravado confessando o crime que vitimou Mayla Rafaela Martins, de 22 anos. Ele alega que foi ameaçado e que a vítima, uma mulher trans, teria tentado esfaqueá-lo.
O empresário suspeito de matar a mulher trans Mayla Rafaela Martins, de 22 anos, em Lucas do Rio Verde (MT), detalhou à Polícia Civil como ocorreu o crime. Em áudio obtido pelo Terra é possível ouvir que Jorlan Cristiano Ferreira, de 44 anos, alegou ter sido ameaçado. Ele disse ainda que a vítima tentou esfaqueá-lo antes.
O corpo da jovem foi encontrado na última terça-feira, 16, em uma fazenda localizada na MT-485, entre os municípios de Lucas do Rio Verde e Sorriso. O suspeito confessou o crime e afirmou que enrolou o corpo da vítima em uma lona de piscina antes de ocultar no local.
A morte de Mayla, segundo o suspeito, ocorreu após ela ter “levado um dinheiro dele”. Na segunda-feira, 15, após o suposto furto, ele convidou a jovem para ir até a sua casa.
“Ele chegou ali e começou a me ameaçar. Aí ele pediu uma cerveja, dei. Ele falou: 'Ó, pra eu sair daqui numa boa, sem eu fazer escândalo nenhum e não chamar a polícia, nada pra você, eu quero tanto [dinheiro]'”, explica Ferreira. A quantia seria de R$ 1 mil.
O suspeito afirma que negou o valor e entrou em sua casa para pegar uma bebida. Antes disso, ele teria chamado a vítima de “cara”, ao que ela respondeu que era mulher. “Mulher é o c*****, tem p**** que nem eu”.
Ainda segundo o suspeito, Mayla teria entrado na casa e "pulado" nele. Então, o empresário correu e foi seguido pela jovem, que estaria com uma faca de serrinha e teria tentado acertá-lo. Em determinado momento, o homem conseguiu pegar uma faca dentro de sua casa e foi para cima da jovem.
Os dois entraram em luta corporal e foram para o chão. Então, o suspeito deu um “mata-leão” nela e a esfaqueou.
Decidiu ocultar o corpo
Após o crime, ele conta que pensou se ligava ou não para a polícia. “Falei: ‘eu já estou f***** mesmo. Vou carregar essa desgraça e ir embora”, declara. Em seguida, ele usou uma piscina plástica e velha que tinha em casa para enrolar o corpo e jogou no porta-malas de seu carro, seguindo pela estrada em direção à cidade de Sorriso.
O corpo de Mayla foi “jogado” na área de uma fazenda, na MT-485. Ao ser questionado se pensou em chamar a polícia, o suspeito diz que sim, mas que achou que ia “se complicar mais ainda”.
Relembre o crime
De acordo com as autoridades, na terça-feira, equipes foram acionadas por funcionários de uma fazenda, que encontraram um corpo coberto por uma lona enquanto passavam a máquina de plantio na área.
Durante as diligências, os policiais descobriram que um veículo Volkswagen de cor preta teria abordado a vítima em um posto de combustível na cidade. Depois, o mesmo carro foi visto seguindo em direção à fazenda onde o corpo foi localizado.
Diante dessas informações, a equipe identificou a placa do carro e também seu proprietário. No final da tarde, o carro foi encontrado em um lava-jato. O dono do veículo estava em sua residência. Ao ser questionado sobre o crime, ele confessou ser o autor do assassinato.
Ele foi preso em flagrante e encaminhado para o Poder Judiciário, com o pedido de prisão preventiva. O veículo e a arma utilizados no crime também foram apreendidos e encaminhados para a perícia da Politec-MT.
Ao Terra, a Polícia Civil informou que o juiz da Comarca de Lucas do Rio Verde determinou a exclusão do áudio dos autos do inquérito policial que investiga o homicídio de Mayla Rafaela. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do suspeito até o momento. O espaço permanece aberto para manifestação.