O empresário Matheus Possebon foi preso preventivamente nesta terça-feira, 5, ao desembarcar do Navio Alexendre Pires, em Santos, litoral de São Paulo. Ele e o cantor Alexandre Pires são alvos da operação Disco de Ouro, da Polícia Federal, que investiga um esquema de financiamento e logística do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.
A informação foi dada pelo portal g1. Ao Terra, a Polícia Federal informou que não dá detalhes sobre prisões em operações ainda em curso. Procurada para comentar a situação do cantor e do empresário, a Opus Entretenimento, empresa da qual Possebon é sócio, preferiu mencionar apenas o nome de Alexandre Pires.
A produtora diz confiar na idoneidade do artista e no esclarecimento dos fatos. Sobre os outros "colaboradores e parceiros", a Opus escreveu que "desconhece qualquer atividade ilegal supostamente relacionada" a eles.
Entenda o caso
Na manhã da última segunda-feira, 4, a Polícia Federal deflagrou a operação Disco de Ouro, que investiga um esquema de financiamento e logística do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Segundo a PF, o esquema teria movimentado mais de R$ 250 milhões.
O cantor teria recebido ao menos R$ 1 milhão de uma mineradora investigada, e o empresário seria um dos responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes.
A PF cumpriu dois mandados de prisão e seis de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima, em Boa Vista e Mucajaí, em Roraima, além de São Paulo e Santos (SP), Santarém (PA), Uberlândia (MG) e Itapema (SC). Também foi determinado o sequestro de mais de R$ 130 milhões dos suspeitos.
A operação é um desdobramento de uma ação da PF deflagrada em janeiro de 2022, quando 30 toneladas de cassiterita, extraídas da Terra Indígena Yanomami, foram encontradas na sede de uma empresa investigada e estariam sendo preparadas para serem enviadas para o exterior.
O inquérito policial indica que o esquema seria voltado para a “lavagem” de cassiterita, retirada ilegalmente da Terra Indígena Yanomami, mas declarada como originária de um garimpo regular no Rio Tapajós, em Itaituba (PA) e supostamente transportada para Roraima para tratamento. As investigações apontam que tal dinâmica ocorreria apenas no papel, já que o minério teria origem no próprio Estado de Roraima.
Foram identificadas transações financeiras que relacionariam toda a cadeia produtiva do esquema, com a presença de pilotos de aeronaves, postos de combustíveis, lojas de máquinas e equipamentos para mineração e "laranjas" para encobrir movimentações fraudulentas.