Empresário tortura funcionários e marca ‘171’ com ferro após suspeita de roubo na Bahia

Caso de tortura a funcionários é investigado pela Polícia Civil; empresário gravou as agressões

27 ago 2022 - 17h45
(atualizado em 30/8/2022 às 09h59)

Dois homens foram torturados e agredidos com pauladas pelo dono da loja onde trabalhavam, em Salvador, na Bahia, após ele suspeitar do roubo de R$ 30. Um deles teve as mãos marcadas com o número '171' com ferro, referente ao artigo do Código Penal que trata do crime de estelionato. O momento das agressões foram divulgados nas redes sociais. 

O caso ocorreu em um comércio na Rua 24 de Fevereiro, no Centro de Salvador. De acordo com a Rede Bahia, afiliada da TV Globo, o primeiro a passar pela sessão de tortura foi William de Jesus, de 24 anos, na última sexta-feira, 19. 

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“Foi uma tortura. Ele me chamou no dia de trabalho, quando chegou aí, armaram uma emboscada para mim. Me bateram, me agrediram, queimaram a minha mão, falaram meio mundo de coisa. Eles disseram que eu estava roubando, que já tinha um bocado de tempo que estava roubando ele, fazendo rolo com mercadoria”, afirmou Willian na reportagem.  

Ele conta que tentou argumentar, mas só apanhava mais. “Quanto mais eu me justificava, mais ele me batia. Ia fazer dois meses trabalhando na loja, e ele me acusou de roubo, sem prova nenhuma. No momento em que ele estava me batendo, ele estava gravando para que eu confessasse. Eu falei: 'não vou confessar nada, porque eu não roubei nada'", relata a vítima. 

Em dado momento das agressões, segundo William, o patrão chegou pedir para que escolhesse em que parte do corpo ele queria ser marcado. “Ele esquentou, perguntou: ‘você quer aonde? Na testa ou na mão?’ Com um pano vermelho na boca, amarrado, falei que queria na mão. Ele falou: ‘eu só não vou queimar a sua testa porque você já é feio, e queimado 171 na testa vai ficar mais feio ainda’”.

Após queimá-lo nas duas mãos, segundo o jovem, o empresário continuou batendo nele. O rapaz só conseguiu fugir quando o homem e o rapaz que estava filmando “vacilaram”.  

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Já Marcos Eduardo foi agredido três dias depois, com pauladas nas mãos. Ele também afirma que recebeu ameaças de morte, e que mal consegue dormir à noite, devido ao ocorrido. “É traumatizante, tanto que eu não durmo direito, me assusto de madrugada. Me ameaçou de morte, falou que se não tivesse gostado, era para dar queixa”, conta o ex-funcionário, que trabalhava no estabelecimento há pouco mais de um ano. 

“Eu não tenho precisão disso. Eu tenho filho, pago aluguel, trabalho. Acordava todo dia às 5h para trabalhar para ele, saía quase 20h. Fechava a guia e ainda ficava na guia para ele. Se eu fosse roubar, não ia ser só R$ 30”, disse Marcos.

Os crimes foram denunciados à Polícia Civil na sexta-feira, 26, e as vítimas já foram ouvidas. O agressor se apresentou no 1º Distrito Policial, onde confessou o crime. 

“Ele [proprietário] disse que ficou bastante chateado pela subtração, segundo ele, do valor de R$ 30. Só que a vítima alega que fazendo a limpeza achou o dinheiro e que esse valor seria entregue ao dono. Mas ele não aceitou os argumentos dos funcionários. Deste modo imprudente, ele acabou tentando fazer a lei com as próprias mãos”, afirmou o Willian Acha.

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Fonte: Redação Nós
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