Entenda a morte de indígena pataxó e o conflito fundiário na Bahia

Dois fazendeiros foram presos em flagrante; ministra dos Povos Indígenas viajou para a região

23 jan 2024 - 17h00

Uma indígena da etnia Pataxó Hã Hã Hãe foi morta neste domingo, 21, na região de Potiraguá, no sudoeste da Bahia. A vítima é Maria de Fátima Muniz de Andrade, conhecida como Nega Pataxó, atingida por um disparo de arma de fogo. Seu irmão, o cacique Nailton Muniz Pataxó, também foi atingido, mas foi socorrido com vida e levado ao Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga. Um ruralista foi ferido por uma flechada e foi hospitalizado.

Dois fazendeiros foram presos em flagrante por homicídio e tentativa de homicídio após o conflito entre indígenas e ruralistas durante uma tentativa de retomada de uma fazenda. Conforme a Secretaria da Segurança Pública da Bahia, o conflito ocorreu durante a ação de um grupo denominado Movimento Invasão Zero.

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Comitiva do Ministério dos Povos Indígenas esteve no velório da liderança Nega Pataxó, na Bahia
Comitiva do Ministério dos Povos Indígenas esteve no velório da liderança Nega Pataxó, na Bahia
Foto: Leo Otero/Ministério dos Povos Indígenas

De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, o ataque foi provocado na retomada da Fazenda Inhuma, em área reivindicada pelos Pataxó como de ocupação tradicional. A área indígena se situa entre os municípios de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia, no sul da Bahia – há anos a região vem sendo palco de conflitos fundiários.

Segundo o ministério, cerca de 200 ruralistas da região se mobilizaram para recuperar por meios próprios, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, ocupada por indígenas no último sábado, 20. Ainda segundo a pasta, eles cercaram a área com dezenas de caminhonetes. Foi, então, que começou o conflito com os indígenas.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, viajou para a região na segunda-feira, 22, e acompanha o caso através do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas. A Polícia Federal também foi acionada e enviou equipes para a região.

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A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) manifestou “profundo pesar e indignação diante do assassinato da líder indígena Pataxó Hã Hã Hãe Maria de Fátima Muniz Andrade”.

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Em nota, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), que representa os produtores rurais, lamentou os fatos ocorridos em Potiraguá, envolvendo invasão de propriedade rural que provocaram uma morte e deixaram outras pessoas feridas. “Representando os produtores rurais e sindicatos rurais da Bahia, a Faeb, como vem fazendo ao longo dos últimos anos, mais uma vez convoca o poder público para garantir o que está previsto na Constituição. Combater invasões de terra vai além de defender a propriedade privada e a segurança no campo, é a defesa sobretudo do Estado de Direito”, disse.

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