A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) incluiu nesta terça-feira, 13, o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips a uma denúncia enviada ao Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda, contra a atuação do presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso de Pereira e Phillips foi adcionado a uma outra manifestação da entidade, protocolada em agosto de 2021, que atribuía ao chefe do Executivo a responsabilidade de crime genocídio contra os povos indígenas desde o início do seu mandato, com foco no período da pandemia da covid-19.
O novo documento afirma que o desaparecimento da dupla ressalta uma "omissão estatal na realização das buscas" e ainda defende que uma possível ocorrência de um crime são consequências da "política anti-indígena de Jair Bolsonaro".
Como mostrou o Estadão, no quinto dia do desaparecimento, o governo federal ainda não tinha deslocado de outros Estados soldados da Força Nacional de Segurança para atuar nas buscas ou decretou Garantia da Lei e da Ordem (GLO), ao contrário do que costuma ocorrer em casos que envolvem regiões com pouca estrutura de segurança.
Não se tem notícias do paradeiro do jornalista e do indigenista desde o dia 5 de junho. A dupla estava em uma viagem, de saída da comunidade São Rafael para Atalaia do Norte. O mais recente rastreamento que se tem de Pereira e Phillips veio de dados de localização fornecidos via Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT, conforme relato da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que mantinha contato com a dupla.
Bolsonaro afirma que autoridades do país têm trabalho "desde o primeiro momento" para localizar o jornalista britânico e o indigenista. "Desde o último domingo (5), quando tivemos informação que dois cidadãos desapareceram na região do Vale do Javari, desde o primeiro momento, as nossas forças armadas e PF têm se destacado na busca incansável da localização dessas pessoas. Pedimos a Deus que sejam encontrados com vida", disse Bolsonaro durante a Cúpula das Américas.