Texto: Mariane Barbosa | Edição: Solon Neto | Imagem: Henrique Duarte / Agência Brasil
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condenou o assassinato da liderança quilombola Mãe Bernadete. A líder religiosa foi assassinada a tiros na quinta-feira (17), no Quilombo Pitanga dos Palmares, em Salvador.
Em nota divulgada pela organização nas redes sociais no sábado (19), a entidade pontua a necessidade do crime ser investigado "de forma imediata e diligente, com perspectiva étnico-racial e de gênero".
"A CIDH urge ao Estado sancionar os responsáveis materiais e intelectuais e considerar como motivo do assassinato o papel que ialorixá Bernadete possuía como defensora dos direitos das pessoas afrodescendentes", disse a entidade.
A Organização das Nações Unidas (ONU) também se manifestou sobre o caso. Em comunicado, o escritório regional para a América do Sul da ONU Direitos Humanos manifestou solidariedade à família de Mãe Bernadete ao convocar o governo brasileiro a realizar uma investigação "célere, imparcial e transparente" sobre a morte da liderança quilombola.
"A ONU Direitos Humanos manifesta sua solidariedade com a família e a comunidade dessa reconhecida mulher negra, quilombola, representante de uma religião de matriz africana e defensora do seu território", disse a organização.
Segundo o secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, equipes do governo estadual e do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania estão atuando para aperfeiçoar os programas de proteção.
"A morte de uma defensora de direitos humanos é uma tragédia, ainda mais se ela já tenha sido ameaçada. Uma tragédia como essa precisa fazer com que a gente aprimore o programa, aprimore as medidas de proteção, aperfeiçoe as ações de policiamento em todo o país", disse o secretário em relato foi publicado pela Agência Brasil.
Freitas assegurou que as equipes estão em campo para garantir a segurança de ativistas da região. Familiares de Mãe Bernadete foram retirados do Quilombo Pitanga do Palmares como medida de proteção. A líder religiosa estava no programa de Proteção às Vítimas e Testemunhas (Provita) desde 2017, quando seu filho, Binho do Quilombo, também foi assassinado a tiros.