Escultor encontrou pichações homofóbicas e de intolerância religiosa na porta de seu apartamento no Rio de Janeiro.
Um escultor encontrou pichações com ofensas homofóbicas e de intolerância religiosa na porta de seu apartamento, em um condomínio de Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro. João Júnior, que segue o candomblé, faz esculturas usadas em cultos de religiões de matriz africana e símbolos da Igreja Católica.
O caso aconteceu no dia 18 de setembro. Segundo João, seu trabalho teria motivado os ataques. Ele frequentemente transporta as esculturas religiosas do seu apartamento até o estacionamento do prédio para entregar aos clientes.
"Bruxo, filho do diabo, servo de Satanás. Pegue suas imagens (sic) e suma do nosso condomínio. Ou vamos invadir e quebrar tudo. Depois, queimar em nome de Jesus. Viado dos infernos", diziam as pichações na porta do apartamento dele, segundo imagem exibida no RJTV, da Globo.
Ele, que comprou o apartamento há quatro meses para morar sozinho, ainda sente medo quando está no local, apesar das ofensas não estarem mais na porta. "Aterrorizante, né? Um medo que invade e é algo que vai te consumindo com o tempo. Fiquei alguns dias dormindo até mesmo na minha irmã até minha cabeça entender o que estava realmente acontecendo", disse ao RJTV.
O condomínio informou ao escultor que as câmeras estavam desligadas na ocasião por causa de uma queda de energia. À TV Globo, o condomínio disse que não tem câmeras no bloco e que elas estão sendo instaladas.
"Eu não consigo mais prever um futuro do quanto eu já tinha previsto e tinha me planejado, tinha me projetado para algo muito maior. Isso me fez me limitar. O medo me limitou de saber até onde eu posso ir. Se eu tenho que fazer uma reforma, se eu tenho que fazer algo novo, comprar móveis. Toda essa mudança que você planeja na sua cabeça da realização de um sonho se torna quase um pesadelo", disse o escultor.
João Júnior registrou o caso na delegacia de Madureira. Ao Terra NÓS, a Polícia Civil do RJ informou que, de acordo com a 29ª DP (Madureira), "as investigações estão em andamento para identificar a autoria do fato e elucidar as circunstâncias e motivações do ocorrido".
A reportagem também entrou em contato com o condomínio Recanto das Flores 2, que afirmou à TV Globo que repudia o que aconteceu com o escultor, além de estar colaborando com as investigações. O espaço segue aberto para manifestações.