Estes dois brasileiros estão entre as 100 pessoas negras mais influentes do mundo, segundo a ONU

Renan de Souza e Juliana Souza foram premiados em cerimônia que aconteceu em Nova York, nos Estados Unidos

2 out 2024 - 05h02
(atualizado às 10h54)
Resumo
O jornalista Renan de Souza e a advogada Juliana Souza foram premiados como duas das 100 personalidades afrodescendentes mais influentes do mundo com menos de 40 anos pela Mipad (Most Influential People African Descent), em cerimônia realizada em Nova York, EUA.
A cerimônia de premiação ocorreu em Nova York, nos Estados Unidos, na última sexta-feira, 27
A cerimônia de premiação ocorreu em Nova York, nos Estados Unidos, na última sexta-feira, 27
Foto: Reprodução: Instagram/renansouza

O jornalista Renan de Souza e a advogada Juliana Souza foram premiados como duas das 100 personalidades afrodescendentes mais influentes do mundo com menos de 40 anos, segundo a lista da Mipad (Most Influential People African Descent).

Mulheres negras que fizeram história Mulheres negras que fizeram história

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A iniciativa, apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU), tem como objetivo identificar "grandes empreendedores de ascendência africana nos setores público e privado de todo o mundo, formando uma rede progressista de atores relevantes que se unem no espírito de reconhecimento, justiça e desenvolvimento da África, seu povo no continente e em toda a sua diáspora". A cerimônia de premiação ocorreu em Nova York, nos Estados Unidos, na última sexta-feira, 27.

A seguir, conheça os dois brasileiros negros premiados pela ONU:

Juliana Souza

A advogada é fundadora do Instituto Desvelando Oris, que promove a equidade racial e de gênero. Juliana se destacou no combate ao racismo após participar de uma decisão histórica, que marcou a primeira vez que a Justiça brasileira condenou uma pessoa à prisão em regime fechado por racismo. Além disso, essa condenação se tornou a maior da história brasileira por crimes de racismo e injúria racial. 

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Na decisão, a socialite Day McCarthy foi condenada a 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado por crime de racismo contra Títi, filha do casal Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. O episódio ocorreu em 2017, quando Títi tinha apenas quatro anos. Juliana foi a advogada do casal de atores no processo.

A advogada tem mestrado em Direitos Fundamentais e é autora do livro "Torrente Ancestral, Vidas Negras Importam?" (2023). 

A advogada Juliana Souza atuou no caso de racismo que resultou na condenação de Day McCarthy a 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado
Foto: Arquivo pessoal

Para ela, o prêmio é uma conquista coletiva. "Eu celebro esse momento como a chancela do trabalho da minha mãe, Tercília Conceição, minha maior heroína, professora da minha dinastia de trabalhadores domésticas. É para todas as pessoas que vêm do lugar de onde eu vim, um espaço marcado pela ausência e pela escassez de oportunidades, mas de muita gente potente que tem muito a oferecer para o mundo. Isso mostra a força que emerge do subterrâneo da existência, que, muitas vezes, é o que significa ser uma pessoa negra no Brasil", disse ao Terra NÓS.

A advogada, que já foi uma criança negra que sofreu racismo e agora busca justiça por outras pessoas, acredita que a luta contra o racismo no Brasil está evoluindo. Ela espera que o caso de Day McCarthy sirva como precedente para outras decisões relacionadas ao racismo.

"Enquanto estou aqui, há crianças negras sofrendo racismo", afirmou ela à reportagem. "Nossas crianças devem ser tratadas como prioridade absoluta, conforme preceitua nossa Constituição Federal, mas, infelizmente, ainda não é assim", contou ela.

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Juliana também espera que a condenação incentive as vítimas de racismo a buscarem apoio jurídico. "Estamos em 2024, e há coisas que não são mais aceitáveis. O racismo definitivamente é uma delas, especialmente quando se refere a crianças, que devem ser o foco da nossa atenção e proteção jurídica."

Renan Souza

O jornalista Renan Souza é um dos contratados da CNBC, o novo canal de negócios que chega ao Brasil em novembro. Especialista em relações internacionais, ele trabalhou no SBT durante 11 anos e também passou pela CNN Brasil, onde atuou na cobertura de notícias internacionais.

Renan Souza, que ganhou um processo por danos morais e racismo contra a CNN Brasil, é especialista em relações internacionais
Foto: Reprodução: Instagram/renansouza

Recentemente, Renan ganhou um processo por danos morais e racismo contra a CNN Brasil. Durante a cobertura do assassinato do americano George Floyd em 2020, o jornalista e seu então chefe discutiram sobre um corte em uma reportagem.

"Você está dizendo isso porque é preto, está querendo defender preto, e você não entende nada de racismo", teria dito o superior. 

Renan Souza também é autor do livro "Private Military Companies and the Outsourcing of War", que se tornou best-seller na categoria de política internacional.

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Segundo ele, que nasceu em Santo André (SP), receber um prêmio tão importante em Nova York foi algo histórico. "Eu me sinto honrado. Para mim, a importância desse prêmio é que ele não é um ponto final, significa que há muito a ser feito. Tenho muito a conquistar, aprender e estudar. Além disso, ele traz uma carga de responsabilidade, de poder inspirar outros jovens afrodescendentes brasileiros a trilharem suas carreiras", contou ao Terra NÓS.

Renan ainda afirmou que o prêmio demonstra a força do jornalismo brasileiro e seu grande potencial de crescimento. "E o prêmio é não é só para mim, mas também para a minha carreira, para o trabalho e para a profissão que eu represento. Então, eu gosto de pensar que o prêmio não é só meu, mas ele representa um conjunto."

O jornalista acredita que o prêmio dará mais credibilidade para o seu trabalho e mostra que ele está no caminho certo. "Meu grande objetivo é entregar análises internacionais e tentar antecipar fatos, fazendo conexões para tornar a vida das pessoas mais fácil. O mundo é complexo, cheio de diferenças e também de belezas, guerras e conflitos. Às vezes, é muito difícil fazer conexões entre todos os fatos, e esse é o meu trabalho", finalizou.

Fonte: Redação Nós
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