Estudantes da PUC são demitidos de escritórios de advocacia após preconceito contra alunos da USP

Alunos do curso de Direito da PUC chamaram estudantes da USP de "pobres" e "cotistas" durante os Jogos Jurídicos

18 nov 2024 - 14h19
(atualizado às 15h41)
Tatiane Joseph Khoury e Arthur Martins Henry foram demitidos dos estágios após vídeo mostrar grupo ofendendo alunos da USP
Tatiane Joseph Khoury e Arthur Martins Henry foram demitidos dos estágios após vídeo mostrar grupo ofendendo alunos da USP
Foto: Reprodução

Dois estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram demitidos de seus estágios em escritórios de advocacia após a viralização de um vídeo nas redes sociais. A gravação mostra um grupo de alunos chamando estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) de "pobres" e "cotistas" durante uma partida de handebol. No mesmo registro, torcedores uniformizados da PUC-SP aparecem fazendo gestos com as mãos que simbolizam dinheiro.

As informações sobre as demissões foram confirmadas ao Terra pelos escritórios de advocacia onde os estudantes trabalhavam.

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Tatiane Joseph Khoury foi identificada como uma das participantes do grupo que proferiu as ofensas. Em nota, o escritório Pinheiro Neto Advogados, onde ela estagiava, lamentou o ocorrido, reiterou que "não tolera e repudia racismo ou qualquer outro tipo de preconceito" e informou que a jovem não faz mais parte de sua equipe.

Outro estudante, Arthur Martins Henry, também aparece entre o grupo que ofende os alunos da USP. O escritório Castro Barros Advogados confirmou ao Terra que ele foi desligado do estágio após o ocorrido. A empresa destacou que "não admite qualquer ato discriminatório praticado por qualquer um de seus integrantes, dentro ou fora do escritório" e declarou que "qualquer pessoa que ignore ou despreze esse fato não tem condições de fazer parte do Castro Barros Advogados."

Já o escritório Machado Meyer, onde a estudante da PUC Marina Lessi de Moraes é estagiária, divulgou nota informando que "fará as apurações necessárias e avaliará as medidas a serem tomadas."

"O Machado Meyer recebeu ao longo do dia notícias a respeito dos eventos ocorridos nos jogos jurídicos estaduais de São Paulo. Neste contexto, informa que fará as apurações necessárias e avaliará as medidas a serem tomadas. O escritório reforça que repudia, veementemente, qualquer ato de preconceito ou discriminação. O Machado Meyer tem a diversidade como um de seus pilares essenciais e reitera o seu empenho em garantir um ambiente profissional pautado pela ética e pelo respeito às diferenças", afirmou o posicionamento.

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O Terra tenta localizar a defesa dos três estudantes. O espaço segue aberto para manifestações. 

Alunos da PUC-SP são acusados de racismo após chamarem de 'cotistas' e 'pobres' estudantes da USP
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Faculdades repudiam atos discriminatórios

As diretorias das Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP, junto aos Centros Acadêmicos XI de Agosto e 22 de Agosto, emitiram uma nota conjunta repudiando os atos discriminatórios e afirmando que as manifestações foram "inadmissíveis".

"As entidades signatárias comprometem-se a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar. Reconhecemos que a segregação social ainda é um desafio no Brasil, mas entendemos que o ambiente universitário deve atuar como um espaço de reparação e transformação. Incidentes como este reforçam a urgência de combatermos todas as formas de hostilidade no meio acadêmico", diz o texto.

O comunicado destacou ainda que festas e jogos universitários devem promover integração e solidariedade, e não ódio, violência ou intolerância. As universidades anunciaram que, além de responsabilizar os envolvidos, planejam implementar protocolos que fortaleçam ouvidorias e promovam a educação antirracista, assegurando um ambiente inclusivo e respeitoso para todos.

"Estamos determinados a transformar este episódio em um marco para o fortalecimento de uma cultura de respeito, equidade e inclusão em nossas instituições", finaliza a nota conjunta. 

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PUC afirma que fará apuração rigorosa

Em comunicado separado, a Reitoria da PUC-SP também repudiou o episódio. "A PUC-SP repudia com veemência toda e qualquer forma de violência, racismo e aporofobia, e lamenta profundamente o episódio ocorrido em 16/11, envolvendo um grupo de estudantes do curso de Direito da nossa Universidade nos Jogos Jurídicos de 2024", afirmou.

A PUC-SP informou que determinou à Faculdade de Direito a apuração rigorosa dos fatos, conforme normas universitárias e legais, visando a responsabilização e conscientização dos envolvidos.

A universidade ressaltou suas iniciativas de inclusão social e racial, como programas de bolsas, políticas públicas de acesso (PROUNI e FIES) e ações afirmativas. Afirmou ainda que, na atual gestão, implementou um programa para contratação de docentes negros até alcançar a proporção correspondente à população negra de São Paulo, segundo o IBGE.

Por fim, a PUC-SP declarou solidariedade aos estudantes ofendidos e reforçou seu compromisso com uma perspectiva antirracista ativa.

Fonte: Redação Terra
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