A delegada Bárbara Lomba, responsável por investigar o médico Giovanni Quintella Bezerra, acusado de estuprar uma mulher grávida em trabalho de parto, revelou que os medicamentos utilizados para anestesiar as vítimas foram aprendidos para serem analisados.
“Há uma indicação que a sedação era realizada como um meio para a prática do crime, para que a vítima ficasse vulnerável e pudesse ocorrer a violência”, afirmou a delegada em entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews.
O crime aconteceu no Hospital da Mulher, em Vilas dos Teles, em São João de Meriti, na região metropolitana do Rio de Janeiro, na madrugada da última segunda-feira, 11.
Lomba ainda analisou o comportamento do anestesista no momento do flagrante. “Ele tinha certeza de que a ação dele continuaria impune. Ele confiava, por conta da posição em que ocupava e todas aquelas circunstâncias, que não fosse punido. Nunca flagrado. Quando se revela a ele que havia o vídeo, que havia imagens gravadas, ele se surpreende”, explicou.
A calma do médico chamou a atenção. “Ele não esboçou nenhum tipo de indignação, não quis apresentar defesa nenhuma e manteve-se calado o tempo todo (...) parece uma pessoa fria diante do que fez”, observou a delegada.
Giovanni Quintella Bezerra é investigado por ao menos mais cinco outros abusos. "São três casos do dia 10 de julho, mais três que nós ouvimos hoje (terça-feira), de pessoas que nos procuraram - uma até de outro hospital. Contando com o que resultou no flagrante, são seis que investigamos", disse a delegada nesta terça.
Além do caso registrado em gravação feita por celular, Bárbara afirmou de que há indícios de que o médico tenha cometido abusos nas duas outras operações em que ele atuou no domingo, 10. Os três casos ocorreram no Hospital da Mulher Heloneida Studart, na Baixada Fluminense.
"Os do dia 10, lá do hospital de São João (de Meriti) os indícios são mais fortes, porque há todo o relato da equipe de enfermagem, há o vídeo que foi gravado no mesmo dia, na terceira cirurgia. Então, em relação a esses dois fatos (adicionais), os indícios são mais fortes", sustentou a delegada.
O caso
Preso na madrugada desta segunda-feira, 11, após ser filmado estuprando uma paciente em trabalho de parto, o médico Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos, concluiu a especialização em anestesia apenas recentemente e gostava de se fotografar em ambientes hospitalares. "Vocês vão ouvir falar muito de mim", escreveu em uma postagem.
O médico se formou no Centro Universitário de Volta Redonda (Unifoa), na região sul do Estado do Rio, em 2017. A especialização em anestesia foi concluída este ano, no mês de abril. Não há muitas informações sobre sua produção acadêmica, uma vez que seu currículo na plataforma lattes não é atualizado há dez anos.
Giovanni Bezerra gostava de publicar fotos com sua rotina médica no Instagram - o perfil, porém, foi fechado após sua prisão. Diversas fotos dele que foram divulgadas nesta segunda nas redes sociais mostram o médico com uniformes de hospitais, daqueles que se usam em salas cirúrgicas. Em uma delas, escreveu: "Em frente, vou ganhando meu espaço na profissão que escolhi fazer a diferença".
Ao receber voz de prisão, o anestesista declarou que não sabia o que estava acontecendo. Ao ser informado pela delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, que ele havia sido filmado praticando o abuso, Giovanni Quintella Bezerra se calou.
As imagens mostram o anestesista ao lado da paciente, que está dopada. Enquanto a equipe cirúrgica se prepara para começar a cesariana, Quintella tira o pênis da calça e o coloca na boca da grávida.
O advogado Hugo Novais, que defende Quintella, disse em nota que a defesa ainda não obteve acesso à íntegra dos depoimentos e dos elementos de prova no auto de prisão em flagrante. "A defesa alega que ainda não obteve acesso na íntegra aos depoimentos e elementos de provas que foram produzidos durante a lavratura do auto de prisão em flagrante. A defesa informa também que após ter acesso a sua integralidade, se manifestará sobre a acusação realizada em desfavor do anestesista Giovanni Quintella."
*Com informações do Estadão Conteúdo