"Eu estou com 37 anos e não esperava chegar aos 30", diz primeira secretária de Cultura de SP negra

Aline Torres foi uma das convidadas do programa "Cartas Para Pepita", transmitido pelo Terra

28 nov 2023 - 05h00
Para Aline Torres, ser a primeira mulher negra a ser secretária de Cultura da cidade de São Paulo é mais do que um sonho
Para Aline Torres, ser a primeira mulher negra a ser secretária de Cultura da cidade de São Paulo é mais do que um sonho
Foto: Reprodução

Na última quarta-feira, 22, Aline Torres, secretária de Cultura da cidade de São Paulo, foi uma das convidadas do programa "Cartas Para Pepita", transmitido pelo Terra, que teve como tema "sonhos". Pepita leu cartas sobre o assunto e também conversou com as convidadas sobre os seus  próprios sonhos.

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Para Aline, ser a primeira mulher negra a chefiar a secretaria de Cultura da cidade de São Paulo é mais do que um sonho. "É um sonho compartilhado, porque eu vejo muitas pessoas se sentindo contempladas por esse meu sonho. Então, quando você vê uma mulher negra ocupando esse lugar, muita gente está realizando [junto comigo] esse sonho", afirmou ela.

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E, no exercício de seu cargo, ela não precisa criar um personagem, porque, segundo ela, a Aline secretária de Cultura e a Aline de Pirituba, São Paulo, onde nasceu, são a mesma pessoa. "Ser a Aline de verdade, a Aline que eu sou, a Aline de Pirituba, acho que é o melhor caminho", disse.

No entanto, às vezes, algumas pessoas podem querer se aproveitar dos sonhos de outras pessoas. "Os seres humanos vivem por interesse, acho que começa por aí", ressaltou Aline. A secretária de Cultura da cidade de São Paulo ainda disse que, quando o interesse é mútuo, está tudo bem, mas o problema é querer se beneficiar com os sonhos de outras pessoas.

"Não faz sentido só eu crescer sozinha"

Para chegar onde está hoje, Aline teve a ajuda de familiares. Em agosto, ela completou dois anos como secretária. "Eu estou com 37 anos, eu não esperava chegar aos 30", disse. E ela faz questão de proporcionar conquistas para muitos ao seu redor. 

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Com orgulho, ela também conta que teve a oportunidade de realizar o sonho de um amigo, Márcio, que trabalha com teatro e queria se lançar como cantor. "A gente montou um estúdio na casa dele. No meio da pandemia, [Márcio] gravou músicas e conseguiu lançar. A gente deu toda essa estrutura para ele conseguir se vê como cantor", explicou.

"É muito gratificante. Acho que é muito mais gratificante para a gente do que para o outro, quando a gente consegue realizar o sonho de alguém", afirmou ela.

Mas esse não é o único sonho que Aline já realizou. Na verdade, ela conta que vive realizando sonhos. Um exemplo disso é sua equipe, composta por várias mulheres. "A gente cresce e sobe os degraus juntas, porque não faz sentido só eu crescer sozinha, então as pessoas têm que crescer comigo".

Preconceito

Aline quase desistiu de um sonho. Ela teve dificuldades para conseguir fazer faculdade. Sua mãe vendeu algumas coisas para conseguir matricular a filha e fazer com que ela pudesse continuar estudando, ao mesmo tempo em que pagava as contas de casa. No último ano de Relações Públicas, Aline precisou criar uma agência com o seu grupo para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e sofreu preconceito.

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"Eu estudo matrizes africanas e sou de religião de matriz africana, eu estudo a história da minha ancestralidade desde que eu me conheço por gente", afirmou ela.

Aline queria colocar um nome que tivesse uma relação com ela mesma no projeto. A pessoa, então, disse para ela: "Você quer colocar nome de preto em tudo". Ela se sentiu mal após o episódio e tentou fazer o projeto sozinha, mas não conseguiu e desistiu. Certo dia, uma professora ligou para ela. "Eu não vou deixar você desistir. Você vai entrar em outro grupo e vai conseguir se formar", disse a professora na época. "Eu não teria me formado sem ela", relembrou Aline.

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Fonte: Redação Nós
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