O goleiro senegalês Cheikh Sarr ouviu ofensas racistas contra ele das arquibancadas em outras ocasiões, mas quando um torcedor o abordou apenas para insultá-lo racialmente durante um jogo da terceira divisão espanhola no último sábado, ele decidiu que não dava mais.
"Eu o agarrei e perguntei por que ele estava me insultando. Minha atitude não foi agressiva. Eu queria apenas perguntar por quê", disse o jogador de 23 anos a repórteres nesta terça-feira sobre o incidente em Sestao, cidade de classe trabalhadora no norte da Espanha, que levou ao abandono do jogo.
"Outras ocasiões podem ser vistas como uma brincadeira ou uma piada. No entanto, esse não foi o caso no sábado porque foi algo horrível e eu não aguentei. Foi uma coisa muito triste e feia que eles estavam dizendo", acrescentou.
O jogo entre o Rayo Majadahonda, de Sarr, e o Sestao River Club foi suspenso aos 39 minutos do segundo tempo. A discussão fez com que Sarr fosse expulso pelo árbitro, que estava longe demais para ouvir os insultos, e depois seus companheiros de time deixaram o gramado em protesto.
O racismo no esporte tem sido um tópico quente na Espanha, principalmente após o ponta brasileiro do Real Madrid Vinicius Junior, que sofreu vários incidentes de ofensas preconceituosas e faz parte de uma campanha contra o racismo, chamar a liga espanhola e a Espanha de racistas no ano passado.
No sábado, ele expressou apoio aos afetados pelo racismo, citando "três casos desprezíveis de racismo" apenas naquele dia, incluindo o de Sarr. O lateral argentino do Sevilla Marcos Acuña e membros da comissão técnica do time também foram alvos de "insultos racistas e xenofóbicos" de torcedores em um jogo do Campeonato Espanhol contra o Getafe fora de casa, disse o clube.