Ex-atacante do Santos e Flamengo, vereador é acusado de estupro e rachadinha

Whelliton Silva (PL), vereador de Praia Grande (SP), rebate acusações: "armação política"

19 set 2022 - 18h32
(atualizado às 19h24)
Whelliton Silva (PL), vereador eleito em Praia Grande, litoral de SP, nega acusações e diz ser alvo de "armação política"
Whelliton Silva (PL), vereador eleito em Praia Grande, litoral de SP, nega acusações e diz ser alvo de "armação política"
Foto: Reprodução/Facebook/VereadorWhellitonSilva

Whelliton Silva, ex-atacante do Santos e do Flamengo, e atual vereador (PL) de Praia Grande, litoral de São Paulo, é acusado de estupro, 'rachadinha' e abuso de poder. Depois que a denúncia se tornou pública, o político disse que é alvo de ‘armação política’

Tudo começou quando a suposta vítima registrou um boletim de ocorrência contra Whelliton na Delegacia da Mulher de Praia Grande, no dia 14 de junho. A esposa do vereador, Janaina Ballaris, ex-parlamentar, também consta como parte envolvida. 

Publicidade

Conforme apurado pelo Terra, o vereador é acusado de dar bebidas alcoólicas à jovem em uma festa e de a ter levado para o seu apartamento. A denunciante, que afirma ter transtorno de personalidade borderline - caracterizado por gerar instabilidade no humor, comportamentos impulsivos e relacionamentos instáveis -, ressalta que o legislador sabia que ela não poderia ingerir álcool por conta de medicamentos que ela tomava. O crime de estupro teria acontecido no apartamento de Whelliton, na noite em questão. 

A denunciante também afirma que o político prometeu a ela um emprego como assessora parlamentar com um esquema de pagamento que configuraria 'rachadinha'. Isso porque a remuneração que o vereador teria prometido seria de R$ 2,4 mil, enquanto o salário do cargo na Câmara de Praia Grande está em torno de R$ 12 mil. A diferença, de acordo com a mulher, seria devolvida a Whelliton.

O caso também gera uma denúncia de ‘abuso de autoridade’, pois a mulher alega ter sido perseguida por agentes da Guarda Civil Municipal (GCP) de Praia Grande, supostamente a mando de Whelliton Silva. 

Na denúncia, a suposta vítima conta que a situação com o vereador desencadou pensamentos suicidas e a levou a ser internada com urgência. Ela foi procurada pelo Terra  para falar sobre o caso, mas, até o fechamento desta publicação, não deu retorno.

Publicidade

Cassação de mandato

A denúncia foi enviada à Câmara Municipal de Praia Grande, que deu início a uma Comissão Processante. O pedido de cassação do vereador Whelliton Silva está sendo analisado por um grupo formado pelos vereadores Cadu Barbosa (PTB), presidente da comissão, Hugulino Alves Ribeiro (PSDB), relator, e Romulo Brasil Rebouças (Pode), membro.

Essa comissão tem um prazo de 90 dias, contados a partir do dia 13 deste mês, quando o proceso foi instaurado, para dar um retorno sobre o pedido de cassação. Se não houver julgamento dentro desse prazo, o processo será arquivado.

Defesa de Whelliton

Em entrevista ao Terra, Armando de Mattos Júnior, advogado de defesa do vereador, nega todas as acusações. Ele explica que o inquérito que investiga as denúncias tramita em sigilo.

Em sua versão sobre o caso, representando o vereador, o advogado ressalta que a mulher reclamou do suposto estupro um tempo depois de ter ido ao apartamento da família de Whelliton. “Ela fez isso quando soube que não seria contratada como assessora, e isso desencadeou a vontade de prejudicá-lo”, afirma o advogado.

Publicidade

Armando também cita a festa descrita na denúncia. O advogado explica que o vereador e a denunciante saíram da festa porque “a menina teve problemas” e que ela estava passando mal. Querendo ajudar a moça, o vereador teria levado a jovem, junto com sua esposa Janaina Ballaris, que também estava na festa, para a casa de sua família.

“Era a casa deles, onde eles moram. Os filhos deles estavam lá, tem provas de que não houve nada. É uma declaração totalmente infundada, sem subsídio legal”, reafirma o advogado.

Sobre o suposto esquema de 'rachadinha', Armando também diz ser algo infundado. “Ela não chegou a ser contratada, como pode acusar o vereador disso se ela nem recebeu nenhum salário da Câmara Municipal?”, questiona.

Armando diz que é a primeira vez que o ex-atacante profissional é acusado por algo do tipo e ressalta que, por estratégia de defesa, Whelliton não dará declarações diretas à imprensa. “Aguardamos serenamente os 90 dias para ver o que vão resolver”, declara.

Publicidade

"Armação política"

Whelliton Silva tem usado as suas redes sociais para dar opiniões sobre a acusação. Ele expõe supostas provas de que a denunciante está mentindo e que o caso faz parte de uma armação política contra sua família.

Um vídeo mostra o vereador falando em uma sessão na Câmara, indignado. Lá, ele rebate as acusações. “Esse inquérito só não está arquivado porque nós, eu e minha esposa, pressionamos na delegacia para que seja averiguado o falso testemunho”, declara ele, que é casado há 26 anos com Janaina.

Ele chama a suposta vítima de "louca", "irresponsável" e "inconsequente", afirmando que ela está ligada a políticos da cidade e que, por vingança, está fazendo isso com ele. “Já passei por muitas vitórias, muitas derrotas. Não sou perfeito, eu erro. Mas isso, não”.

Questionado sobre o assunto, o advogado disse que não pode entrar em detalhes, mas afirmou que há, sim, perseguição política contra Whelliton.

Supostas provas

Na manhã da última sexta-feira, 16, Whelliton divulgou mais um vídeo em suas redes sociais. Dessa vez, ele mostra um compilado de filmagens e prints de redes sociais, articuladas como supostas provas que sustentam sua teoria de que há uma armação política contra ele.

Publicidade

Ao longo do vídeo, imagens de câmeras de segurança mostram a movimentação da denunciante chegando e saindo da delegacia para fazer o boletim de ocorrência. Também aparecem figuras como o presidente da Câmara Municipal de Praia Grande, o vereador Marco Antonio de Sousa (PSDB), conhecido como Marquinhos, que atualmente está ocupando o cargo de prefeito da cidade por um período de cerca de 15 dias. Raquel Chini, prefeita do município, está afastada por questões médicas. A esposa de Marquinhos, a empresária Roberta Cunha, também aparece como uma das envolvidas na suposta trama.

O vídeo acompanha uma nota de esclarecimento: “Estou sendo vítima de uma armação política orquestrada por pessoas inescrupulosas que se aliaram à uma irresponsável, mas não impunível”, ressalta Whelliton Silva, lamentando por, a essa altura de sua vida, estar passando por uma situação do tipo.

“Sigo certo que a justiça será feita e tanto essa irresponsável quanto os que estão por trás dessa armação, serão responsabilizados. Não tenho dúvida que essa acusação falsa e criminosa será arquivada em breve, pois jamais cometeria algo assim. Entretanto, as pessoas envolvidas não poderão ficar impunes”, complementa.

Pessoas envolvidas

Procurado pelo Terra, o vereador Marquinhos disse que não irá se pronunciar porque “não é parte envolvida no processo” e que não entende por que está sendo citado, tendo sido “pego de surpresa” pelo vídeo exposto nas redes sociais de Whelliton Silva. “Vamos procurar meios legais para entender isso e se defender”, ressalta.

Publicidade

Diante do caso, a Câmara de Praia Grande informou que Marquinhos, presidente da Câmara, não faz parte da Comissão Processante que analisa o pedido de cassação de Whelliton Silva. 

Já sua esposa, a empresária Roberta Cunha, afirmou em entrevista ao Terra ter aberto um boletim de ocorrência logo após a divulgação dos vídeos, na sexta-feira. 

Ela diz não ter ligação com a denunciante e que a conhecia há pouco tempo. “Em um aniversário de uma pessoa em comum, ela me contou o que havia acontecido com ela e me pediu ajuda. Eu disse que o que poderia fazer era indicar alguém para ela conversar e auxiliá-la nisso”, conta Roberta.

A empresária explica que a jovem procurou um advogado, que a aconselhou a fazer um boletim de ocorrência. “É uma mulher que estava fragilizada, na verdade. E acabei acolhendo ela”. Roberta afirma ter levado a jovem à delegacia a pedido da denunciante “e não vi problema nisso”.

Publicidade

Roberta, em nome de seu esposo, o vereador Marquinhos, nega qualquer tipo de armação política. “É uma história que eles inventatam. Quis ajudar a mulher, e criaram essa história toda. Eles vão ter que responder por tudo isso que estão nos acusando. Acho totalmente desnecessário envolverem pessoas que não têm nada a ver com o caso".

Fonte: Redação Terra
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações