Carlos Gamarra, ex-jogador paraguaio, minimizou o racismo sofrido por Luighi em uma partida entre Palmeiras e Cerro Porteño, afirmando que provocações são comuns no futebol. A Conmebol aplicou sanções ao clube paraguaio pelo incidente.
Carlos Gamarra, ex-jogador paraguaio e ídolo do Corinthians, relativizou o racismo sofrido por Luighi no início deste mês durante uma partida entre Palmeiras e Cerro Porteño, do Paraguai. O atacante de 18 anos foi alvo de gestos e ofensas racistas enquanto deixava o gramado.
Já no banco de reservas, Luighi caiu em lágrimas. "Eu vi as imagens. Houve provocação do jogador e uma reação lógica dos fãs. Quando você vai a um jogo, você tem que mostrar caráter", afirmou Gamara em entrevista à rádio paraguaia Ñanduti.
O ex-zagueiro teve uma longa trajetória em times brasileiros antes de aposentar a chuteira. "Você não pode simplesmente chorar porque alguém faz um gesto ou diz algo para você porque isso sempre acontece em campo. Esta é uma geração muito sensível", continuou.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Segundo Gamarra, ele também sofreu com discriminação por ser paraguaio. "No Brasil, sempre tive companheiros negros, e eles nunca saíam do campo chorando porque eram ofendidos. Costumávamos chamá-los de 'negão' e nada acontecia. Era normal", completou.
O que aconteceu com Luighi, do Palmeiras?
O jogador foi alvo de gestos e ofensas racistas enquanto deixava o gramado em partida contra o Cerro Porteño, do Paraguai. Ao perceber o comportamento dos torcedores adversários, ele avisou ao árbitro.
Já no banco de reservas, Luighi caiu em lágrimas. Durante entrevista após a partida, ele questionou um jornalista se não seria perguntado sobre o episódio e voltou a chorar.
“É sério isso? Fizeram racismo comigo. Até quando? O que fizeram comigo foi crime. Você vai perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? Você não ia perguntar sobre isso, né? Fizeram um crime comigo. Aqui é formação, a gente tá aprendendo aqui”, disse o atleta.
Minutos após a partida, o Palmeiras emitiu nota repudiando os atos racistas e afirmou que vai “até as últimas instâncias para que todos os envolvidos em mais esse episódio repugnante de discriminação sejam devidamente punidos”.
Na manhã da última sexta, Leila Pereira concedeu entrevista coletiva e voltou a falar sobre o episódio. A presidente do Palmeiras reforçou que vai “até as últimas instâncias” e que irá “solicitar exclusão do Cerro da competição, porque não é a primeira vez que esse clube ataca os nossos atletas e torcedores".
A Conmebol, por sua vez, publicou nota oficial por meio do X (antigo Twitter) e disse que irá implementar “medidas disciplinares”, além de estar avaliando outras ações.
“A Conmebol rejeita categoricamente todo ato de racismo ou discriminação de qualquer tipo. Medidas disciplinares apropriadas serão implementadas, e outras ações estão sendo avaliadas em consulta com especialistas da área”, escreveu a entidade.
O Cerro Porteño também se pronunciou sobre o caso e afirmou repudiar “todo tipo de ato de racismo, xenofobia e discriminação”.
"Em relação ao fato registrado no jogo Cerro Porteño x Palmeiras, pela Copa Conmebol Libertadores Sub 20, manifestamos que nenhuma provocação pode levar a este tipo de acontecimentos condenáveis. Nossa total solidariedade ao jogador Luighi. Reiteramos que desde nossa instituição condenamos veementemente todo tipo de comportamento discriminatório e comentários ofensivos em instalações esportivas, em todo o ambiente do futebol e da sociedade. Evitemos cair em provocações que possam levar a esse tipo de comportamento. Vamos cuidar da festa do futebol!".
Com a repercussão do caso, a Conmebol aplicou ao Cerro multa de US$ 50 mil, jogos com portões fechados até o fim da Libertadores sub-20 e a obrigatoriedade de uma publicação de conscientização nas redes sociais da equipe paraguaia.