O influenciador Ivan Baron, pessoa com paralisia cerebral, disse ao Terra NÓS que ficou indignado com o caso dos influenciadores suspeitos de maus-tratos contra a filha com paralisia cerebral, de 2 anos.
O influenciador Ivan Baron, uma pessoa com paralisia cerebral que usa as redes sociais para conscientizar o público sobre questões relacionadas a pessoas com deficiência, afirmou em entrevista ao Terra NÓS que ficou indignado ao saber do caso dos influenciadores suspeitos de maus-tratos contra a filha com paralisia cerebral, de 2 anos e repudiou a situação.
Igor de Oliveira Viana, de 24 anos, e Ana Vitória Alves dos Santos, de 22 anos, são investigados por maus-tratos, estelionato, desvio/apropriação de proventos da pessoa com deficiência, incitação à discriminação de pessoa com deficiência e constrangimento de criança, sendo Igor de forma direta e Ana por omissão.
"Tive aquele sentimento de indignação e procura por justiça, ainda bem que tenho minhas redes sociais como um canal de denúncia e, de alguma forma, contribui para dar visibilidade a essa violência", disse Ivan.
Em um dos vídeos feitos por Igor de Oliveira Viana, que usava as redes sociais para mostrar a rotina com a filha, ele aparece debochando da criança e a chama de "inútil" após pedir que ela vá ao mercado. "Os pais são exploradores da própria filha, se aproveitaram da sua paralisia cerebral para expor [a criança] e monetizar com vídeos capacitistas e piadas totalmente sem graça", destaca ele à reportagem.
O influenciador e ativista ainda comentou sobre a frase "quem não tem filho deficiente para explorar, tem que trabalhar", enviada por Igor em um grupo de mensagens. O pai da menina disse que comprou um carro com o dinheiro doado para comprar um carrinho para ela, um equipamento de locomoção adaptado para pessoas com deficiência.
"Ele tem uma visão totalmente errada sobre nós pessoas com deficiência. A exploração dos nossos corpos e vivências não pode mais ser algo tolerável, principalmente se for de pessoas que precisam da nossa responsabilidade e cuidado, como é o caso deles, o que fizeram com a própria filha", disse Ivan ao Terra NÓS.
E, na opinião do, a menina de 2 anos, que foi retirada de casa pelo Conselho Tutelar e hoje está sob os cuidados da avó paterna, pode ter impactos negativos em sua vida como resultados dessa experiência.
"Com certeza fica o trauma e ela pode ter consequências para o resto da vida, como a crença de que [pessoas com deficiência] são inúteis, mal amadas e ridículas. É muito importante um apoio psicológico nessas horas", finalizou Ivan Baron.