Familiares da jovem de 22 anos abusada sexualmente após ser deixada desacordada por um motorista de aplicativo em uma calçada de Belo Horizonte, em Minas Gerais, pede por justiça. A vítima foi estuprada por um homem que passou na rua pouco após ela ser abandonada na frente de sua casa. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 6, as irmãs da vítima falaram sobre o ocorrido e como o crime abalou toda a família. O suspeito pelo abuso está preso.
"Minha família está em pedaços. É muito difícil passar por isso", disse Kelly Rodrigues, uma das irmãs da vítima. "Foi de uma covardia, de uma maldade sem precedentes", acrescentou Késsia Rodrigues, outra irmã da jovem .
Novas imagens exibidas com exclusividade pelo Fantástico mostram o momento em que a jovem é colocada no carro de aplicativo por um amigo, antes do ocorrido. Ela e o colega estavam em um bar, na região da Pampulha (BH), após terem voltado de um show no Mineirão.
Câmeras de segurança mostram que o amigo a colocou no banco de trás do carro por aplicativo e depois foi até a janela do passageiro falar com o motorista. Nesse momento, o amigo teria avisado o condutor do automóvel que compartilhou o trajeto com o irmão da amiga. Em seguida, o veículo inicia a viagem.
Ao chegar na residência da vítima, por volta de 3h da madrugada, o motorista desce do carro com o celular na mão, vai até o interfone e depois retorna para o veículo. Depois, abre a porta da passageira, parece conversar com ela e volta para chamar alguém no prédio. Pouco depois, sem conseguir contato, conforme relatou à polícia, ele pede ajuda a um motociclista e os dois carregam a jovem e a deixam na calçada, encostada em um poste.
Em seguida, um homem passa pela rua, vê a jovem desacordada e a carrega virada de cabeça para baixo pelas ruas do bairro, por cerca de 40 minutos, até chegar a um campo de futebol. Ele foi flagrado por câmeras de monitoramento, identificado e preso em flagrante por estupro de vulnerável após o crime.
O irmão da vítima afirmou que já estava dormindo quando o colega da jovem compartilhou o trajeto da corrida por aplicativo com ele. Segundo o familiar, só quando acordou no domingo que viu que a irmã não tinha voltado para casa. Imediantamente, avisou a outra irmã e a família se mobilizou para conseguir as imagens de câmeras de segurança da frente prédio.
"Quando a gente se deparou com aquela cena, de dois homens tirando ela do carro, depois outro homem pegando ela, a gente sabia que algo de muito grave tinha acontecido. Nisso, ela chegou desesperada. Falou que não sabia o que tinha acontecido, contando como ela estava, como acharam ela. [Ela] se recorda entrando dentro do carro, colocando o cartão do aplicativo para ser pago, e falou que lembra parte pequena do trajeto. Depois só lembra do momento que o Samu chegou", conta Kelly.
A vítima foi encontrada desacordada, seminua, por uma moradora da região que fazia uma caminhada no campo de futebol para onde ela foi levada e estuprada pelo suspeito. Foi a moradora quem acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
No mesmo dia, a jovem foi à delegacia e foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML). Um laudo atestou que ela foi estuprada.
Em depoimento à polícia, o motorista de aplicativo confirmou que a jovem entrou no carro desacordada, mas parecia não estar bem. Ele contou que, já no local do destino, a passageira estava desacordada, dormindo, e que ligou sete vezes para o amigo da vítima, mas não conseguiu falar. Também alegou que tocou no interfone três vezes.
Segundo o Fantástico, o motorista ainda alegou que tentou comprar um isotônico para a jovem, mas não achou nenhuma farmácia aberta. Depois, segundo relata, voltou ao local, mas ela não estava mais lá. Imagens mostram ele retornando ao endereço. Segundo a Polícia Civil, ele poderá responder pelo crime de abandono de incapaz.
A jovem, que nasceu com problema no esôfago, teve que retornar ao hospital nessa semana. "Ela tomou líquido, ficou muito tempo de cabeça para baixo carregada e teve uma pneumonia por aspiração", contou Kelly.
Segundo a irmã, apesar de muito abalada, a estudante fez um pedido à família. "[Ela disse que] 'leve para onde tiver que levar, mas que outras pessoas não sofram o que estou sofrendo'. E isso foi um pedido dela e da minha mãe, para que a justiça seja feita e isso não aconteça com outras meninas, ou meninos".
Késsia, a outra irmã da jovem, acrescentou em entrevista ao Fantástico: "E a gente quer deixar um recado aqui para outras mulheres que passarem por isso: não deixem de denunciar, não abafe o caso e dê oportunidade para o estuprador fazer mais uma vítima".