A Fundação Nacional do Índio (Funai) anunciou nesta quarta-feira que está investigando a informação de que uma adolescente Yanomami foi morta depois de ter sido sequestrada e estuprada por garimpeiros que estavam ilegalmente em sua reserva.
"A Funai está monitorando o caso", afirmou a agência por e-mail, acrescentando que está trabalhando com as autoridades para proteger o povo Yanomami no norte do Brasil.
A Polícia Federal no Estado de Roraima disse que ouviu falar do caso pela imprensa.
O jornal O Globo relatou que uma menor de 12 anos morreu após ser estuprada por garimpeiros que invadiram uma aldeia Yanomami no rio Uraricoera, na região de Waikas. O jornal citou o Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Yanomami, que disse ter informado a Polícia Federal e o Exército na noite de segunda-feira.
A Reuters não conseguiu confirmar de maneira independente a informação.
O povo Yanomami vive próximo à fronteira com a Venezuela na maior reserva indígena do Brasil, que foi invadida por milhares de garimpeiros ilegais em busca de ouro, provocando a poluição dos rios, episódios de tiroteios, além de outros abusos.
O líder da etnia Dario Kopenawa disse que a Associação Hutukara Yanomami ainda está investigando o que aconteceu, e acusou a agência governamental de não proteger seu povo.
"A Funai mente. Eles não fazem nada para nos proteger. Eles estão apoiando a atividade de mineração ilegal aqui", disse Kopenawa à Reuters.
O boom do garimpo trouxe doenças, violência e graves violações de direitos humanos ao povo Yanomami, de acordo com um estudo recente que culpa os altos preços de ouro e o apoio tácito do governo.
A corrida pelo ouro em terras protegidas dos Yanomami aumentou no governo do presidente Jair Bolsonaro, que apoia projetos de lei para permitir a agricultura comercial, a mineração e a exploração de petróleo em terras indígenas.