Funcionária da Carmen Steffens de Santa Catarina diz que modelos negras não têm o “nível da marca”

Após áudios serem revelados por empresária, loja demitiu a funcionária e disse que "preza por total diversidade étnica"

6 dez 2023 - 11h46
Modelos fizeram um protesto pacífico em frente à loja da Carmen Steffens após caso de racismo
Modelos fizeram um protesto pacífico em frente à loja da Carmen Steffens após caso de racismo
Foto: Reprodução: Instagram/dbdivasblack

Uma funcionária da marca Carmen Steffens, em Santa Catarina, Criciúma, disse em áudio que as modelos negras de um concurso comunitário da cidade, o "Garotas Diva’s Black da Comunidade", não eram decentes, eram esquisitas e não tinham o "nível da marca". O áudio foi revelado pela empresária Bia Vargas, que denunciou o racismo da funcionária através das redes sociais.

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A loja iria fazer uma ação com o evento e emprestar algumas peças da marca para as modelos. "A gente iria fazer um negócio no evento, daí veio aquela gente esquisita na loja, mal encarada. Eu não quero dar roupas para aquelas modelos, não. Eles que vão botar modelos decentes", disse a funcionária.

"Nós não gostamos das modelos, não vamos emprestar [as roupas da loja] para usar nessas modelos, a Carmen tem um nome a zelar. Não é o nível de cliente da Carmen, então não vai rolar. Não dá para fazer uma coisa que não é para o nosso público, tem que ser para cliente de elite", afirmou.

Com a repercussão do áudio, a loja Carmen Steffens Criciúma comunicou o desligamento da funcionária. "Informamos que a responsável pelo áudio não faz mais parte do grupo Carmen Steffens, que preza por total diversidade étnica em toda sua história de 30 anos no mercado de moda", declarou.

Após a nota da loja, a empresária Bia Vargas publicou um vídeo no Instagram denunciando que a fala da funcionária passou pelo aval de superiores da loja. "Não resta dúvidas de que o que aparece ali não é uma decisão unilateral, é uma política institucional da empresa, resquícios da escravidão e da estrutura racista que a gente vive nesse país. Para os racistas, aqui vai um aviso: não acabou", afirmou Bia.

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As finalistas do "Garotas Diva’s Black da Comunidade" fizeram um protesto pacífico em frente à loja da Carmen Steffens no dia 1 de dezembro. As modelos também realizaram um desfile como uma forma de conscientização sobre o racismo. "Se há uma lição que podemos aprender com a luta contra o racismo, tanto em nosso país quanto no seu, é que o racismo precisa ser conscientemente combatido, e não discretamente tolerado", escreveu a conta do concurso no Instagram.

Um dia depois, Bia Vargas publicou um outro vídeo sobre o caso. Segundo ela, a loja Carmen Steffens estaria ameaçando seus funcionários. Em prints de conversas divulgados pela empresária, um funcionário diz que os superiores "querem calar todo mundo" dentro da empresa.

"Por trás das postagens de apoio à diversidade, há uma situação de terror imposta aos funcionários. Não são poucos e nem são apenas de agora os relatos de abusos psicológicos cometidos pela empresa", escreveu ela na legenda da publicação.

Diante das acusações de funcionários estarem sendo ameaçados após o caso de racismo de uma funcionária da empresa, o Terra NÓS encontrou em contato com a Carmen Steffens para mais esclarecimentos. A matéria será atualizada com o posicionamento da marca caso responda.

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Crime de racismo

O crime de racismo está previsto na Lei 7.716/1989 com pena de reclusão de um a três anos e multa. O crime é imprescritível e inafiançável. De acordo com a lei, racismo é "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".

Racismo é crime. Saiba como denunciar 👇

Racismo é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de racismo, denuncie. Você pode fazer isso por telefone, ligando 190 (em caso de flagrante) ou 100 a qualquer horário; pessoalmente ou online, abrindo um boletim de ocorrência em qualquer delegacia ou em delegacias especializadas.

Saiba mais sobre como denunciar aqui.

Entenda a diferença entre racismo e injúria racial
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Fonte: Redação Nós
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