É crescente o número de casais homoafetivos interessados em ter filhos biológicos. Isso já é possível graças à reprodução assistida e às diretrizes do Conselho Federal de Medicina (CFM). Mas, a escolha sobre qual procedimento é o mais adequado para cada casal ainda gera muitas dúvidas.
De acordo com a Dra. Paula Fettback, ginecologista especializada em reprodução humana, os casais homoafetivos que querem ser pais podem optar pela fertilização in-vitro (FIV). "O casal pode receber doação dos óvulos de maneira anônima ou de parentes de até quarto grau", explica.
Outra opção é a barriga solidária, onde o óvulo com espermatozóide de um dos parceiros do casal é fecundado e o embrião transferido para o útero da barriga solidária. "A barriga solidária deve ser encontrada pelo casal e, por determinação do CFM, também deve pertencer à família de um dos parceiros do casal, em um parentesco consanguíneo até o quarto grau, ou seja, mãe, irmã, avó, tia ou prima, além de ter até 50 anos de idade e atualmente pela nova resolução já ter também um filho vivo", destaca a especialista.
A ginecologista ainda reitera que o processo de doação de espermatozóides ou de barriga solidária não deve ter nenhum caráter lucrativo ou comercial. "Nesse processo, é muito importante que o casal interessado em ter um filho por meio da reprodução assistida procure por uma clínica especializada que ofereça profissionais capacitados, além de um ambiente acolhedor e humanizado, com tecnologia e processos eficazes e seguros", finaliza a especialista.
Gestação homoafetiva de mulheres
Já no caso de casais que querem ser mães, além da fertilização in-vitro, outra opção de reprodução assistida é a inseminação intrauterina. "Este é um procedimento considerado de baixa complexidade, mais indicado para as pacientes mais jovens e com o exame das tubas uterinas normal", inicia Paula.
"Na inseminação, a paciente é submetida à indução da ovulação com medicações de baixa dosagem e, na sequência, o semen doado é inserido dentro do útero após preparo do mesmo com um cateter de inseminação. As taxas de sucesso da inseminação não são tão elevadas como na fertilização in vitro", explica a médica.
A FIV foi o procedimento que tornou possível o sonho do casal Cláudia, 43, e Roberta, 41, mães da pequena Elisa. Casadas há sete anos, a realização dessa maternidade não foi imediata. Cláudia relata que, quando iniciaram o processo, achavam que o maior desafio seria escolher um doador.
No entanto, além de resultados negativos durante os procedimentos da fertilização in-vitro, ela foi diagnosticada com endometriose e precisou realizar uma cirurgia.
"Nosso emocional estava totalmente abalado e tantas tentativas negativas acabaram gerando um grande estresse no nosso relacionamento. Chegamos a pensar em desistir de tudo, mas algo dizia para tentarmos mais uma vez", ressalta.
"Foram dois anos entre consultas, exames, procedimentos cirúrgicos, preparação do útero, transferência embrionária, gestação, pré-natal e parto", explica Roberta.
A ginecologista Paula explica que, neste processo, ambas podem participar ativamente, podendo-se fertilizar os óvulos da parceira e transferir o embrião para o útero da outra paciente. Mas em todos os casos, a idade do óvulo, condições clínicas e riscos obstétricos devem ser considerados para que o tratamento seja o mais seguro possível.
As dificuldades no meio do caminho fizeram com que o casal adquirisse mais experiência, além de se tornarem um exemplo de perseverança, tanto que as duas dão um conselho para quem deseja ter uma gestação como a delas.
"Busquem sempre a indicação médica ou então, antes de se decidir por um profissional, faça mais de uma consulta e só siga com o tratamento com aquele que sentir plena confiança. Um outro conselho muito importante é nunca desistir, se o sonho da maternidade existe, ele vai se realizar. O caminho até o sucesso não é fácil, tem muito mais pedras e espinhos do que flores, mas quando acontece, a felicidade é imensa e valerá a pena", comenta Claudia.