Globo alega que assédio de Marcius Melhem não foi provado, diz revista

Emissora é ré no processo de assédio sexual que envolve o humorista

18 mai 2023 - 09h01
Marcius Melhem deixou a Globo em 2020
Marcius Melhem deixou a Globo em 2020
Foto: João Cotta/Globo

O setor de Compliance da Globo considera que as denúncias de assédio contra Marcius Melhem não foram provadas e, por isso, não pode ser considerada culpada pelo comportamento do humorista. Essa foi a resposta da emissora em ação no Ministério Público do Trabalho (MPT) do Rio de Janeiro, segundo a revista Veja.

"Restou, de fato, constatada a inadequação do artista com seus subordinados, sem que fosse possível comprovar prática deliberada de assédio sexual, dados os contornos legais que a conduta exige para sua caracterização", diz o documento obtido pela publicação. 

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A Globo é ré em um grande processo no MPT-RJ por supostamente permitir casos de assédio no trabalho e não tomar nenhum medida para proteger os funcionários. Além da acusação contra Melhem, a ação ainda cita o caso envolvendo o ator José Mayer e uma outra denúncia não revelada. O processo corre em segredo de Justiça.

Em contato com o jornal Folha de S. Paulo, a Globo afirmou que "não comenta questões relacionadas a Compliance, todas as informações sobre o caso já foram fornecidas às autoridades."

Marcius Melhem foi acusado por um grupo de oito mulheres, incluindo a humorista Dani Calabresa, de assédio sexual. O inquérito tramita na Delegacia de Atendimento à Mulher do Rio de Janeiro (Deam).

Relembre o caso

As primeiras denúncias surgiram no fim de 2019, e foram negadas por Melhem. O nome de Dani Calabresa foi citado entre as denunciantes, em postagem feita pelo jornalista Leo Dias na ocasião.

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Em março de 2020, ele se afastou do comando do humor da emissora, e também de suas funções como roteirista e ator, alegando a necessidade de acompanhar tratamento de saúde de sua filha.

O período inicial de licença seria de quatro meses. Em vez de retornar, porém, Marcius Melhem teve seu contrato com a emissora encerrado após 17 anos. No comunicado final, a emissora destacou sua "importante contribuição para a renovação do humor" e não citou as acusações de assédio, o que teria gerado insatisfação em alguns artistas que acompanharam o caso internamente.

Em 24 de outubro do mesmo ano, uma reportagem da Folha, trouxe entrevista com a advogada Mayra Cotta, que assessora um grupo de artistas que endossam as acusações contra Marcius Melhem. O nome de Dani Calabresa ainda não havia sido confirmado, até então.

"Houve um comportamento recorrente, de trancar mulheres em espaços e as tentar agarrar, contra a vontade delas. De insistir e ficar mandando mensagem, inclusive de teor sexual, para mulheres que ele decidia se iam ser escaladas ou não para trabalhar, se ia ter cena ou não para elas. De prejudicar as carreiras de mulheres que o rejeitaram. De ficar obcecado, perseguindo, mesmo. Foi um constrangimento sistemático e insistente, muito recorrente", relatou, à época.

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Pouco depois, em seu Twitter, Marcius Melhem se manifestou publicamente sobre as acusações pela primeira vez (clique aqui para ler a íntegra). "Diante de acusações tão graves, que de forma alguma cometi, o que eu posso fazer? Negar. Coloco à disposição toda minha comunicação que tenho arquivada, com qualquer pessoa que tenha trabalhado ou se relacionado comigo nesses anos", afirmou.

"Mas, mesmo abraçando profissionalmente a causa feminista, ainda combato o machismo dentro de mim, erro, posso ter relações que magoem. Tento melhorar e aprender. E queria muito falar sobre isso", disse, em outro momento. 

Na sexta-feira, 4 de dezembro de 2020, a revista Piauí publicou novos detalhes sobre o caso, após ter colhido depoimentos de 43 pessoas, entre vítimas e testemunhas, muitas das quais na condição de anonimato. Entre os relatos, há detalhes dos supostos assédios que teriam sido praticados por Melhem e relatados ao compliance da emissora, incluindo os que teriam sido feitos por Dani Calabresa.

Também há relatos de medidas que teriam sido tomadas por funcionários da Globo em relação à situação, como uma sugestão de que Marcius Melhem fizesse terapia após uma acusação.

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Além de Dani Calabresa, outros nomes, como Marcelo Adnet e Maria Clara Gueiros também fizeram postagens nas redes sociais após a repercussão da reportagem recente sobre o caso de Marcius Melhem.

*Com informações do Estadão Conteúdo

Fonte: Redação Terra
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