A jornalista Gloria Maria morreu na manhã desta quinta-feira (02), no Rio de Janeiro. A primeira repórter negra da televisão, ela também foi a primeira a usar a Lei Afonso Arinos, sancionada em 1951, que foi a primeira norma contra o racismo no Brasil que incluía a discriminação racial entre as contravenções penais.
Em 2019, Gloria publicou em seu Instagram que, em 1970, foi impedida de entrar pela porta da frente de um hotel no Rio de Janeiro pelo próprio gerente. Em um especial da Globo, a jornalista relembrou o caso. Gloria Maria se orgulhava de ter sido a primeira pessoa a usar essa lei no Brasil.
"Racismo é uma coisa que eu conheço, que eu vivi, desde sempre. E a gente vai aprendendo a se defender da maneira que pode. Eu tenho orgulho de ter sido a primeira pessoa no Brasil a usar a Lei Afonso Arinos, que punia o racismo, não como crime, mas como contravenção", disse ela.
A repórter ainda contou em detalhes o acontecimento. "Eu fui barrada em um hotel por um gerente que disse que negro não podia entrar, chamei a polícia, e levei esse gerente do hotel aos tribunais. Ele foi expulso do Brasil, mas ele se livrou da acusação pagando uma multa ridícula. Porque o racismo, para muita gente, não vale nada, né? Só para quem sofre", finalizou.