A atriz Helga Nemetik se inspirou em suas vivências pessoais para criar o espetáculo Não conta pra ninguém. O monólogo, que estreia em junho, fala sobre um abuso sexual sofrido ainda na infância.
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Durante uma entrevista, ela revelou que, após o episódio, passou a se culpar e descobriu o trauma com auxílio profissional. “Eu estava fazendo terapia e descobrindo todos os gatilhos, traumas e coisas que tinha vivido e não tinha noção de que influenciavam na minha vida profissional e pessoal. Fui descobrindo que esses gatilhos e traumas decorriam do abuso que sofri. E eu sempre achei que lidava bem com isso. Achava que a culpa era minha porque é isso que acontece com as vítimas de abuso”, disse ao jornal O Globo.
“Depois dos 35 anos, comecei a sofrer as consequências porque o corpo guarda as marcas dos pensamentos e das emoções. Comecei a sofrer ataques de pânico e crises de ansiedade. E aí fui entender com a terapia que isso tudo era consequência do abuso. Então, eu pensei: 'Nunca contei para ninguém. Eu preciso contar'", disse.
Ela detalhou que escolheu a arte para falar sobre o assunto e, apesar do processo ter sido doloroso, está feliz com o resultado. “Está sendo muito gratificante e, ao mesmo tempo, doloroso. Porque mexer nessas feridas é uma coisa que a gente precisa ter muito cuidado. Mas falar sobre isso e contar a minha história, obviamente com um pouco de ficção, pode não curar, mas de certa forma vai fazer com que eu comece a sublimar. Isso também é dar voz a todos os participantes desses episódios e induzir as pessoas a denunciarem”, destacou Helga.
“Fazer essa peça é um desabafo, uma forma de sublimação e um incentivo à denúncia. [...] As pessoas estão mais acostumadas a me ver cantando em programas de música, musicais e comédias. Eu adoro fazer, mas preciso mostrar que a minha arte não é só isso. Ela também é uma arte que denuncia, que tem força dramática e que usa o teatro como um instrumento político e social”, explicou.
Um dos últimos papéis nas telinha de Helga foi Nos Tempos do Imperador, onde viveu Giuseppina.