Os Panteras Negras, surgidos em Oakland, Califórnia, em 1966, lutaram pela autodefesa armada da população afro-americana. Após conflitos e perseguição do FBI, o grupo se dissolveu nos anos 80.
Tidos até hoje como um símbolo mundial do ativismo contra o racismo, os Panteras Negras tiveram uma história repleta de batalhas, repressão e controvérsias. O grupo foi fundado em 1966 em Oakland, na Califórnia (EUA), no auge da luta da população afro-americana por direitos civis, defendendo a resistência armada contra a opressão.
Uma das promessas do Black Panther (nome original em inglês), que de movimento fundado pelos universitários Huey Newton e Bobby Seale logo se converteu em partido político, era patrulhar os bairros de maioria negra para proteger seus moradores contra a violência policial.
A iniciativa fez sucesso e no fim da década os Panteras Negras já somavam 2 mil membros e escritórios nas principais cidades do país. Foi o militante radical Stokely Carmichael (1941-1998), aliás, que cunhou a poderosa expressão "black power". Um dos símbolos adotados pelos Panteras Negras para reforçar o “black power” era um punho erguido.
Protesto nas Olimpíadas
Em 1968, nas Olimpíadas da Cidade do México, os atletas afro-americanos Tommie Smith e John Carlos, medalhistas dos Estados Unidos, fizeram a saudação do black power (braço estendido com o punho enluvado e fechado) durante a cerimônia de premiação da modalidade, após vencerem os 200 metros rasos. A manifestação política fez com que fossem banidos dos Jogos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
Ideologia
Ideologicamente, o partido defendia a ideia da autodefesa armada como forma de luta contra a violência praticada pelo Estado contra os afro-americanos. Os Panteras Negras também sustentavam a concepção de um projeto autogestionário, ou seja, a comunidade afro-americana deveria ser autogovernada.
Em meados de 1967, os Panteras Negras divulgaram seus objetivos através do “Programa de Dez Pontos”, com evidente inspiração socialista. Um dos pontos proclamava: "Queremos terra, pão, moradia, educação, roupas, justiça e paz."
Ao longo de sua existência, o grupo desenvolveu ações sociais em benefício de comunidades carentes, como a distribuição de alimentos para crianças e a fundação de escolas comunitárias para negros e latinos com direito a atendimento hospitalar e transporte para os alunos.
Violência
No entanto, com o tempo a pegada violenta foi escalonando e as brigas com a polícia levaram a tiroteios em Nova York e Chicago. Em quatro anos, pelo menos 15 policiais e 34 panteras haviam sido mortos em conflitos.
Esse cenário levou à perseguição pelo FBI, que chegou a classificar os Panteras Negras como "a maior ameaça à segurança interna americana". Em meio aos problemas, as pessoas passaram a se interessar por ativistas com discurso mais pacífico, como Martin Luther King Jr. (1929-1968) que, embora tenha sido considerado menos perigoso, acabou assassinado.
Membros dos Panteras Negras também se desentenderam acerca dos destinos que o partido deveria tomar, o que levou à expulsão de muitos integrantes e à dissolução na década de 1980.
Legado
Embora alguns historiadores enxerguem o partido como mais criminoso do que político, devido à violência empregada em seus métodos, é inegável a relevância dos Panteras Negras na conquista de direitos pelos negros americanos. Entre seus membros mais famosos, que seguem na ativa até hoje, destaca-se a filosófa Angela Davis, de 80 anos, autora de livros sobre feminismo com recorte racial.