Um homem de 43 anos, que é suspeito de invadir o celular, chantagear e compartilhar fotos íntimas de duas cunhadas, também ameaçava a prima da esposa. Ele foi preso na última sexta-feira, 30, em Belo Horizonte, Minas Gerais, após investigação da Polícia Civil.
A prima não teve o celular invadido, e nem fotos vazadas pelo suspeito, mas foi vítima de ameaças para que ela enviasse as imagens íntimas. O homem enviava mensagens usando perfis falsos, exigindo que algo fosse compartilhado com ele. A Delegacia Especializada em Investigação de Crimes Cibernéticos de Belo Horizonte investiga o caso. As informações foram confirmadas pela Polícia Civil ao Terra.
O delegado Gabriel Teixeira da Silva, responsável pelo caso, disse que o homem ameaçava a prima da esposa para que, mais tarde, pudesse ter acesso às imagens íntimas dela, assim como as outras vítimas.
A denúncia da vítima levou à investigação, realizada pela 1ª Delegacia de Polícia Civil (DPC) Barreiro. O homem tinha acesso a pastas de fotos íntimas de duas cunhadas, de 26 e 20 anos. Os crimes aconteciam desde 2021, quando a mulher mais nova tinha 17 anos. A vítima mais velha percebeu em fevereiro que alguém havia invadido seu celular de forma remota, tendo acesso às fotos e vídeos íntimos. Quando percebeu o problema, ela interrompeu o compartilhamento.
Foi neste momento que o suspeito começou a ameaçá-la com mensagens diárias, exigindo que ela compartilhasse as mídias. Caso contrário, ele dizia que iria publicar o conteúdo nas redes sociais.
Nas mensagens, o homem, que a chamava de "Delícia", pedia para ver as partes íntimas da vítima e exigia: "E aí, Delícia. Tá esquecida de mim, mas eu não esqueci de você. Podemos voltar a negociar ou vai continuar fingindo que tá de boa? Agora vamos começar a divulgação no Twitter, Insta e Face. O que acha?", escreveu o criminoso.
O homem chegou a divulgar o conteúdo. “O suspeito chegou a postar o conteúdo em site de pornografia e enviar o link de acesso à vítima, dizendo que divulgaria para pessoas próximas caso ela não o obedecesse”, explica o delegado
O delegado relatou que o criminoso tinha conhecimento para não deixar rastros da própria identidade, mas a Polícia Civil conseguiu identificar o suspeito, que é casado com a irmã das vítimas e é padrinho do filho da mais velha. Ele não tem histórico criminal e a esposa não sabia do envolvimento do marido e nem percebeu qualquer comportamento estranho.
“Conhecedor de meios tecnológicos e possuidor da confiança da vítima, o investigado conseguiu explorar o conteúdo disponível no celular. Desde então, de forma anônima, vinha promovendo ameaças, chantagens e constrangimentos”, destaca o delegado.
O suspeito, que é técnico de enfermagem e trabalha em uma unidade de saúde, chegou a acessar os conteúdos íntimos das vítimas no computador do local de trabalho, segundo a polícia.
Nova denúncia
A mulher mais nova, que era menor de idade quando teve o celular invadido, só descobriu que estava sendo vítima do crime durante a investigação policial. A polícia pediu que ela verificasse se suas imagens estavam sendo compartilhadas durante a investigação no celular da mais velha. Apesar disso, o homem nunca havia entrado em contato para ameaçá-la.
O suspeito foi ouvido em maio deste ano, após denúncia, mas não foi preso. Uma medida protetiva foi pedida, mas mesmo assim, ele perseguia a vítima. Semanas depois, a polícia recebeu uma nova denúncia, da irmã mais nova, e foi expedido um mandado de prisão contra um homem.
O material foi apreendido pela polícia após um mandado de busca e apreensão na casa do suspeito. O caso é tido como violência doméstica e familiar contra a mulher.
Enquanto investigava o caso, a Polícia Civil foi notificada de inúmeras tentativas do investigado de apagar e alterar remotamente o conteúdo das provas. Além de intervir na investigação policial, o suspeito continuou impondo violência psicológica contra a vítima de 26 anos, segundo o delegado.
O suspeito permanece preso preventivamente e responderá pelos crimes de perseguição, invasão de dispositivo informático, divulgação de nudez, violência psicológica contra a mulher e adquirir fotografia e vídeo que contém pornografia envolvendo adolescente. O inquérito policial está em fase de conclusão e será encaminhado ao Poder Judiciário.