Depois da repercussão do caso da nutricionista vítima de importunação sexual por um homem em um elevador em Fortaleza, o Ministério Público do Estado do Ceará denunciou Israel Leal Bandeira Neto pelo crime. Ele ainda deve responder por mais uma acusação. Isso porque duas mulheres decidiram prestar depoimento contra o empresário por situação parecida.
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Além da denúncia, o MP também deu parecer favorável à prisão preventiva do assessor de investimentos. A queixa contra Israel Neto veio à tona depois que o vídeo da câmera de segurança de um elevador foi divulgado na internet. Nas imagens, ele aparece tocando partes íntimas de uma mulher sem consentimento.
O caso aconteceu no dia 15 de fevereiro, mas só viralizou nas redes sociais na semana passada. Isso porque a empresa em que o denunciado trabalhava não só o demitiu como emitiu uma nota de repúdio sobre as ações do ex-funcionário. Em um perfil na internet, a instituição disse repudiar atos de violência, abuso ou importunação.
Novas denúncias
O viral serviu para acelerar as investigações e alertar outras pessoas da suscetibilidade de mulheres a casos como esse. Foi ao ver as imagens que duas outras vítimas de Israel Neto tomaram a decisão de também registrar queixa por importunação sexual.
Era dezembro de 2022 quando mãe e filha saíam de uma festa através de um elevador em um prédio residencial no bairro Joaquim Távora, em Fortaleza. Segundo o relato das vítimas, Israel estava com a esposa quando teria tocado no corpo das duas. Quando a situação aconteceu, a mãe tinha 41 anos e a filha, 23.
Na época, as imagens das câmeras de segurança não foram apreendidas. Agora, a Polícia Civil garante que está investigando a nova denúncia. Ao Estadão, a defesa do empresário alega não ter tido acesso aos depoimentos e autos das novas denúncias. "Mesmo assim, ele nega veementemente qualquer contato com essas supostas vítimas", relata o advogado Bruno Queiroz Oliveira.
Na edição do Fantástico que foi ao ar no último domingo, 24, as duas relataram o ocorrido com detalhes. “Ele estava atrás de mim e a esposa estava atrás da minha mãe e eu senti ele passando a mão embaixo da minha saia. Fiquei com a mão para trás. Eu não estava acreditando que realmente aquilo tinha acontecido", narrou uma das vítimas.
Ela continuou relembrando a cena: "Quando eu percebi uma movimentação dele, ele meio que trocou de lugar com a esposa para ficar um pouco mais perto da minha mãe. Ele passou a mão inicialmente nela e aí, na segunda vez, ele apalpou ela e aí ela ficou ainda mais assustada, mas sem entender o que estava acontecendo porque a esposa estava dentro do elevador”.
O assédio não parou por aí. Mesmo fora do elevador, as duas relataram que a importunação sexual continuou. "A gente passou pelo estacionamento para conseguir ir para a portaria. E aí, nesse percurso, ele se aproximou, colou um pouco mais nela e passou a mão nela de novo", relembrou a filha.
Vale lembrar que importunação sexual é crime previsto na Lei nº 13.718 do Código Penal. Segundo o artigo, é configurado como importunação atos de caráter libidinoso com a intenção de satisfazer o próprio prazer, como: apalpar, lamber, tocar, desnudar, masturbar-se ou ejacular em público, dentre outros.
A pena prevista é de 1 a 5 anos de reclusão, isso se o ato não constituir crime mais grave.