Uma idosa de 73 anos, desaparecida desde 1979, foi encontrada vivendo em condições insalubres dentro de um hotel, em Garibaldi, no Rio Grande do Sul. Após denúncia de maus-tratos, o Ministério Público do Trabalho (MPT) investiga se ela era mantida em situação análoga à escravidão.
De acordo com a RBS TV, afiliada da Rede Globo, a mulher foi encontrada na semana passada pela Polícia Civil, após uma denúncia. Ela estava em um quarto, sem iluminação e banheiro.
Depois do resgate dela, as autoridades descobriram que a mulher estava desaparecida há 44 anos. Segundo a reportagem, ela morava nesse hotel há dez anos, onde também trabalhou como auxiliar de limpeza no ano passado. Ela teria sido acolhida pela antiga proprietária do estabelecimento, que já faleceu.
O assessor jurídico do hotel, Flávio Kroff, negou à emissora que a idosa sofresse maus-tratos e disse que ela tinha uma vida normal. “[Ela] tinha seu quarto, não era de cinco estrelas, não tinha banheiro, não era uma suíte, mas o banheiro dela ficava a 20 passos do quarto dela, em uma área coberta. Foi vivendo assim, até que chegou esse dia. [...] Ela se tornou parte integrante da família, o tempo foi passando, passando, e não tinha o que fazer com essa senhora", alegou.
A polícia conseguiu localizar a família da idosa, que vive em Cachoeirinha, onde ela está atualmente. Os parentes informaram que ela saiu de casa após desavenças com a família, ainda na década de 70, e nunca mais foi vista. No entanto, o registro de desaparecimento foi feito só no ano de 2021, após uma ação do Instituto Geral de Perícias (IGP).
O advogado da família da idosa afirmou que a principal preocupação agora é acolhê-la e prezar pelo bem-estar dela. "A família acolheu super bem a idosa, buscando tratamento médico, psicológico e dental para ela. Está bem abalada, é uma situação complicada. Ela está bem confusa, e, por hora, a família está buscando cuidar da parte da saúde dela. Vão deixar com a Polícia Civil e o MPT tomar as medidas cabíveis, se for o caso", disse o advogado da família, Anderson Thomaz Martins.
Em nota ao Terra, o Ministério Público do Trabalho informou que o caso está ainda em fase inicial. O MPT vai avaliar se, nesse caso específico, há a presença de algum dos requisitos do art. 149 do Código Penal, para o enquadramento de trabalho em condições análogas às de escravidão.