Uma idosa de 84 anos foi resgatada na zona norte do Rio de Janeiro após passar 72 anos em situação análoga à escravidão. O resgate foi feito pelos auditores-fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho no Rio de Janeiro (SRTb/RJ) com apoio do Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro, informou o Ministério do Trabalho.
A pasta do governo federal também informou que este é o caso mais antigo de exploração registrado no País. A mulher escravizada passou toda a vida trabalhando para a mesma família sem receber salários nem benefícios.
A auditoria-fiscal do Trabalho constatou que a vítima trabalhava para a mesma família há sete décadas, desde que saiu do interior, com doze anos, para ser doméstica na capital.
“As informações colhidas nos permitiram concluir, em síntese, que os pais da trabalhadora laboravam em uma fazenda da mesma família, que levou a criança, em caso de trabalho infantil, para a capital, prometendo oferecer estudo, mas na realidade com o objetivo de fazer os serviços da casa”, explicou Alexandre Lyra, auditor fiscal do trabalho.
A fiscalização também constatou que a trabalhadora não tinha contado com familiares, ela também não se casou e não teve filhos. Os parentes, que moram no interior do estado do RJ, só conseguiam contato ligando para um dos empregadores, que atendia ao telefone raramente. “Os parentes relataram que tentaram contato por mais de 150 vezes desde dezembro de 2021 e que somente uma vez conseguiram”, segundo o auditor Alexandre Lyra.
A mulher, que não teve o nome revelado para preservá-la, está sob cuidados da Prefeitura do Rio desde 15 de março, quando foi resgatada.
Procurado pela reportagem do Terra, o Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro informou que o procedimento está em tramitação e que não falará sobre o caso para não atrapalhar as investigações.