Felizmente, a perspectiva decolonial tem trazido desconstruções importantes nas últimas décadas, incluindo o questionamento de palavras que reforçam os estereótipos relacionados aos povos originários do Brasil. O termo “índio”, por exemplo, usado em canções conhecidas de Caetano e Djavan, nos livros e nas escolas, é inadequado.
A palavra “índio” faz alusão a ser exclusivamente selvagem, isolado, completamente desconectado da modernidade. O termo foi usado por colonizadores de forma pejorativa para designar todos os povos que viviam na América, pois achavam que estavam na Índia.
Luciene Kaxinawá, jornalista indígena e colunista do Terra Nós, pontua que “índio”, segundo o dicionário, é um elemento químico. Por isso, indígena é o termo correto e apropriado a ser usado, pois se refere à origem, indivíduo pertencente a algum lugar, originário.
“Falar ‘índio’ é nos ofender. Esse termo foi, durante muito tempo, usado para construir o estereótipo dos povos indígenas”, diz Luciene.
Assim como "índio", a palavra "tribo" foi usada de forma estereotipada para colocar os indígenas numa mesma caixa de "não civilizados". De acordo com Luciene, definir povo e etnia são as maneiras adequadas para se referir ao território.
“Não é minha ‘tribo’, e sim o meu povo, a minha etnia. Eu sou do povo Huni Kuin, da região do Acre. O meu povo, a minha etnia é Huni Kuin. É o correto”, explica.
Quando se fala em localização de onde vivem os indígenas, o correto é dizer aldeia, comunidade, terra ou território indígena.
O termo “tribo” reduz a diversidade indígena, não considerando os diferentes costumes e linguagens dos mais de 300 povos que vivem no Brasil. Por isso é tão necessário o uso cuidadoso das expressões relacionadas ao tema e assim romper com narrativas discriminatórias e etnocentristas. Vamos nessa?