Em um mundo onde a cultura pop é reinventada a cada instante, há quem não apenas acompanhe, mas se torne parte essencial desse universo em constante movimento. Esse é o caso das irmãs Genilda e Genilza, com 68 anos e 63 anos respectivamente, cuja paixão pelo entretenimento virou fonte de inspiração para uma legião de seguidores nas redes sociais.
“Começamos a ter contato com os quadrinhos ainda jovens. 'Tio Patinhas' era um deles, depois vieram os livros e, por último, as séries, porque não tínhamos TV em casa. Então, as séries a gente via na televisão do vizinho. Adorávamos aquelas histórias e achávamos que todo mundo falava português. E, desde que aposentamos, a gente compartilha uma com a outra tudo que assiste porque moramos no mesmo quintal”, explico Genilda, em entrevista para o Terra NÓS.
Nascidas em Sumé, na Paraíba, e atualmente morando em São Paulo, as irmãs estão na internet desde 2019. O primeiro vídeo gravado foi por insistência de Janaína, filha de Genilda, que há um tempo plantava essa ideia na cabeça da mãe e da tia. “Gravamos o piloto em maio daquele ano para ver se ela esquecia. Em julho, os primeiros vídeos foram postados no YouTube. Batemos 100 inscritos tão rápido que nem acreditamos”, disse Genilza.
Desde então, as irmãs decidiram seguir com o projeto. “Gravávamos aos domingos quando queríamos. Quando veio a pandemia, os vídeos nos ajudaram bastante. Saímos em portais, jornais e conhecemos muita gente legal. Acho que isso fez a gente não desanimar e querer continuar”.
Com mais de 100 mil seguidores entre TikTok, Instagram e YouTube, as irmãs do “Canal Dona Gêek” recebem muito carinho da comunidade da cultura pop. “Os jovens com quem conversamos são muito receptivos, aprendemos com eles e eles dizem aprender com a gente. Eles entendem que não vão e nem precisam deixar de gostar de tudo o que gostam agora, que isso [entretenimento] não tem idade. São poucas pessoas da nossa idade que seguem o Canal, mas quando descobrem a gente, se sentem representados”.
Amplificar vozes de mulheres mais velhas na comunidade online é importante já que a internet proporciona um espaço que talvez não encontrariam em outro lugar. “Envelhecer faz parte, é natural e temos vivido cada vez mais. Nós sempre amamos o Batman, por exemplo. Por que deveríamos deixar de amar só porque envelhecemos? Se não fosse na internet, onde a gente falaria sobre isso? Talvez em um clube do livro? Não sabemos. Isso tem sido cada vez mais pensado porque a população tem vivido mais”, refletiu Genilda.
E elas deixam uma mensagem para quem ainda tem dúvidas sobre a relação do envelhecimento com gostos pessoais: “Saibam que podem continuar curtindo suas coisas, que não é só para jovens. Cabe todo mundo nesses espaços virtuais e reais”.
Apaixonadas por suspense, aventura, ficção científica e séries policiais, Genilda e Genilza miram em um objetivo para suas redes sociais e o canal do YouTube. “A gente quer que o canal cresça, alcance mais pessoas, inclusive pessoas da nossa idade. Queremos monetizar também, começar a ganhar um dinheiro, porque a gente merece”.