As cantoras Vita Pereira e Isma Almeida, do duo Irmãs de Pau, surgiram nas redes sociais nesta segunda-feira (11) para desabafar. Elas acusam o Grupo Globo de transfobia após terem sido boicotadas durante o festival AfroPunk Brasil 2024, que ocorreu no sábado (9), em Salvador (BA).
Em suma, a apresentação das famosas havia sido marcada para ser exibida no Multishow, mas tudo foi mudado repentinamente sem o aviso prévio às artistas. Em uma carta abertura publicada no X (antigo Twitter), as funkeiras deram detalhes de como tudo aconteceu.
Desabafo das Irmãs de Pau
"Triste ver o Globoplay e o Multishow com essa postura transfóbica com nosso show no AfroPunk. Estava tudo certo para sermos transmitidas, agendaram entrevista pré e pós-show como houve com os artistas... Aí no dia do show simplesmente fingiram que não existíamos, sem avidar nada", inicia o texto.
E completam: "Tiveram a coragem de terminar a programação falando que a Duquesa encerrou o festival com o barulho do nosso show sendo escutado nos fundos… enfim, chateia, mas não é o suficiente pra apagar a potência que somos! Quem estava lá viu o peso da nossa relevância e influência", completaram.
Irmãs de Pau sobre tratamento vindo do AfroPunk
Além disso, as Irmãs de Pau ainda destacaram que o descaso e transfobia não partiu da organização do evento: "O AfroPunk foi perfeito com a gente do início ao fim. Nos bastidores ficou nítido que a postura errada partiu da emissora mesmo".
Carta Aberta
Já durante a noite, as famosas voltaram a se pronunciar em uma carta aberta: "Nós das Irmãs de Pau gostaríamos muito de agradecer todo tratamento e respeito que a curadoria, organização e produção do AfroPunk Brasil teve conosco desde o início de toda contratação até o show. Esse show foi histórico e estamos honradas de estar na programação com tantos artistas que amamos e admiramos muito Ficamos cientes que a maioria dos shows iriam ser transmitidos ao vivo pelo Multishow e pelo Globoplay e, que algumas músicas escolhidas pelos artistas, poderiam ir ao ar também na TV Globo".
"Somos duas travestis negras do funk que desenvolvem um trabalho a partir da nossa pesquisa sobre as "Estéticas da Putaria Brasileira", abordando diversas temáticas, sobretudo composições que contribuem para novos imaginários sociais do que é ser travesti. Falamos sobre sexo, poder, desejo, corpo, amores, conquistas, entre outras questões que perpassam a Gambiarra Chic. Irmãs de Pau é o nosso nome de guerra, sabemos o peso e o limite que esse nome nos traz, mas isso é uma escolha política e inegociável para nós!", continua o texto.
"Em um primeiro momento, nos sentimos interpeladas pela transfobia e invisibilizadas a partir de algumas posições da emissora, por sermos excluídas da divulgação da transmissão ao vivo. Entendemos, após acolhimento do festival e diversas conversas, que foram erros de comunicação que nos geraram expectativas que foram frustradas. Há um horário limite de transmissão e ficamos de fora da programação, assim como alguns outros artistas e, consequentemente, de entrevistas da emissora. Nunca foi sobre transmitir ou não, mas aqui apontamos todo o erro de comunicação que aconteceu com a gente e gerou esse sentimento. Agradecemos o apoio de toda nossa equipe e fãs", finalizaram as artistas.
NOTA OFICIAL @oafropunkbrasil pic.twitter.com/H4McYAAcCF
— IRMÃS DE PAU 🍆🍆 (@irmasdepau) November 11, 2024