Iza Lourença é graduada em Comunicação Social pela UFMG, atuou como metroviária e cresceu na região do Barreiro, periferia de Belo Horizonte. Mãe de uma menina de 2 anos, bissexual, ativista pelo direitos das mulheres e juventude ela começou na política aos 17 anos através do movimento estudantil. Hoje, com 29, é vereadora da capital do estado de Minas Gerais com o Mandato Movimento e candidata à Deputada Federal pelo PSOL-MG.
Ao sair da Universidade em 2018, Izabella Lourença fundou o cursinho popular "Consciência Barreiro", que, além de preparar os jovens da região para o vestibular, tem o propósito de gerar um senso de comunidade e solidariedade. Em 2019, foi eleita diretora de base do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro MG). Depois do cursinho, ela também participou da construção do coletivo "Flores de Resistência", que atua pela dignidade menstrual e pela ampliação do debate sobre direitos sexuais e reprodutivos com as mulheres das comunidades do Barreiro.
Para ela, sua principal motivação para entrar na política institucional foi seu contato com os espaços públicos da cidade para assistir ao "Duelo de MCs", uma das principais batalhas de freestyle de RAP no Brasil que acontece desde 2007.
"Eu participo da política desde os 17 anos, uma das coisas que me fez entrar para a política foi quando eu comecei a frequentar os espaços públicos da cidade para participar do 'Duelo de MCs', isso me mostrou como o espaço do centro da cidade era hostil para nós das periferia. Eu não tinha condições de voltar para casa porque não tinha ônibus. Isso começou a me gerar muita indignação", relata a vereadora de BH.
Com a pauta da juventude como um dos pontos centrais do seu mandato, Iza Lourença destaca o desejo de ampliar o debate sobre este grupo no congresso nacional e a necessidade de transformar a lógica de como se olha para a cultura produzida pela juventude.
"Eu quero que o Estado brasileiro mude a lente para olhar para a juventude porque hoje,olha para ela como uma ameaça. Não há uma valorização da cultura negra construída pela juventude periférica no nosso país. Precisamos enxergar a nossa juventude como potência criativa e artística. Isso é uma das pautas que quero levar para o congresso para que a gente tenha uma política de cultura viva e de valorização dos nossos jovens", afirma.
A candidata também destaca o desejo de levar as pautas das mulheres e da população LGBTQIA+ a Brasília:
"Eu sou uma mulher bissexual e é fundamental a gente ter políticas de combate à lgbtfobia em todas as instâncias no nosso país. Além disso, considero de suma importância produzirmos políticas para as mulheres como o combate a violência, importunação sexual, feminicídio e violência política. Também é fundamental pensarmos nas maternidades, sou mãe e sei que o estado não nos dá condições de viver, trabalhar, estudar e de maternar. Precisamos mudar isso pensando principalmente no direito das crianças."
Iza Lourença explica que decidiu se candidatar a deputada federal por conta da subrepresentação das mulheres negras no congresso nacional. Atualmente as mulheres negras compõem apenas 2% das cadeiras no parlamento brasileiro segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) contínua do IBGE.
"Eu decidi ser candidata a deputada federal porque em Minas Gerais temos 53 deputados federais, desses 53, somente uma é mulher negra. Nessa perspectiva eu me coloco à disposição para não retrocedermos, para que Minas Gerais continue cumprindo seu papel na representação, que ainda é pequena, de mulheres negras no congresso nacional."
Legado do Mandato Movimento e expectativas para o futuro
Com o acúmulo de quase 2 anos do Mandato Movimento, Iza explica o seu desejo de levar ao congresso uma forma de fazer política baseada no desejo e na consulta popular.
"Eu quero levar a experiência do Mandato Movimento que é de construir a política institucional baseada no movimento da rua e nos movimentos sociais, nós temos uma experiência de fazer elaborações coletivas e decidir junto decidir junto com os movimentos sociais os enfrentamentos que a gente precisa fazer na política institucional, eu quero levar essa forma de fazer política para Brasília", conta.
Ela acredita que esse modelo é bem sucedido devido aos avanços conquistados para a população de Belo Horizonte através da mobilização popular e articulação dos trabalhadores, como ocorreu com a aprovação do auxílio emergencial de BH que garante até 400 reais para famílias que se encontram em extrema pobreza.
"Essa foi uma política muito importante para amenizar a fome na nossa cidade e só foi possível aprová-la por conta dessa articulação com a cidade, com o povo e nas ruas com os movimentos sociais. Essa experiência eu quero levar para o congresso, porque mais importante do que ser eleito é conseguir levar as nossas pautas e não só responder as pautas que eles colocam em cena" finaliza Iza Lourença.
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