Quando Janeth conquistou a medalha de ouro no Mundial de 1994, na Austrália, a prata na Olimpíada de Atlanta, 1996, estreou na WNBA, a liga profissional de basquete feminino dos Estados Unidos, em 1997 e conquistou quatro título seguidos com o Houston Comets, e levou o bronze nos Jogos de Sydney-2000, nenhuma das 50 meninas que assistiram à sua palestra no G!rls Campo, evento promovido pelo NBA Basketball School, eram nascidas.
Ainda assim, quase 15 anos após sua aposentadoria, a atleta segue sendo referência. “É muito importante poder falar para esse grupo de meninas, que está numa idade de incerteza, idade que sonha com muitas coisas. Poder falar que elas podem estar onde elas quiserem, que elas podem sonhar, que são fortes o suficiente pra chegar, desde que acreditem, se dediquem, e tenham esse querer”, destaca a ex-jogadora, em conversa exclusiva com o Papo de Mina.
A geração de ouro, inclusive, é o último grande espelho para as novas meninas que sonham em jogar basquete. Mas mesmo com tanto tempo passado, Janeth acredita que elas continuam com a missão de incentivar, e aposta na internet como ferramenta de suporte para ajudar a memória, além dos times estrangeiros.
“É muito mais difícil quando não tem referencial e tenta se guiar. Sobra exteriormente essa referência para seguir. E elas podem achar na internet também… na minha época era pior, a gente não tinha conhecimento de nada”, relembra.
CULTURA ESPORTIVA
1ª sul-americana a disputar a recém-criada liga feminina de basquete dos EUA, Janeth escreveu seu nome por lá, mas não esconde a mágoa por ver a falta de apoio ao esporte no Brasil.
Questionada sobre o fato de ser preciso a WNBA organizar um evento para fomentar o basquete feminino por aqui, ela afirma: “dá uma dorzinha. A gente fica muito triste quando tudo isso acontece. Imagina se a gente tivesse estrutura, respaldo, onde a gente poderia chegar?”.
“Nos EUA é diferente, é cultural a parte esportiva”, complementa.
Com sete medalhas de ouro consecutivas em Olimpíadas, a seleção feminina norte-americana é chamada de o “verdadeiro Dream Team” - alcunha dada à equipe masculina dos EUA de 1992. A constância, segundo Janeth, é resultado desse apoio ao esporte, que consegue repor as peças e manter a excelência, e assim não sentem a mudança de geração.
“Onde você tem quantidade você tira qualidade. No Brasil, mesmo sem quantidade, a gente espreme e tira qualidade, mas em menor proporção. Quem sabe a consiga ter resultado lá na frente”, pontua.
RESILIÊNCIA X APOIO
Janeth mostrou que, mesmo após tantos anos, a seleção segue afinada, e repetiu uma palavra utilizada por Leila Sobral no podcast Minas Olímpicas, sobre a decadência do basquete feminino no Brasil: resiliência.
“É a palavra mais forte para que a gente consiga ser referência no cenário nacional e consequentemente no internacional, para conseguir classificações tão importantes como mundial e Olimpíada”.
Otimista com as novas gerações, que seguem se interessando, a ex-camisa 9 da Seleção não deixa de fazer a cobrança necessária. “Tendo apoio financeiro, emocional e estrutural a gente consegue chegar sim. Mas precisa vir de órgãos maiores, como confederação, federação, mas principalmente órgão federal, algum tipo de incentivo fiscal para que a gente possa ter e incentivar essas meninas a chegarem lá”, diz.