Uma loja de roupas no BarraShopping, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, é acusada de praticar racismo contra um jogador de futebol de 20 anos. Guilherme Quintino afirma que foi abordado pelo segurança da Zara ao deixar o estabelecimento com a namorada. O caso é investigado pela Polícia Civil.
Conforme a reportagem da TV Globo Rio, a situação ocorreu no último domingo, 18. O jovem chegou a escolher algumas roupas, foi ao provador, e vestiu uma das peças, mas decidiu comprá-la em outro momento. Então, ele deixou a ecobag com os itens separados em um balcão.
Quando o casal saía do estabelecimento, o segurança o abordou. Segundo o jovem relatou à emissora, o homem agiu de forma ríspida. "Ele me abordou de maneira rude, me coagindo a voltar para o local que deixei a ecobag, sendo que eu saí de mãos vazias. Me senti completamente constrangido e acuado naquela situação", relembra.
Guilherme conta que o segurança perguntou: "Cadê a bolsa que estava na sua mão?". Nesse momento, o rapaz avisou que a bolsa estava na sessão masculina da loja.
"Ele enfatizava toda hora: 'Cadê a bolsa? Me mostra lá, me leva até ela'. Eu fui sem problema nenhum, e ele viu. Eu, completamente, em choque e constrangido. Minha namorada percebeu a situação e aí começou a agravar, pedindo uma resposta, perguntando porque isso está acontecendo, porque eles queriam saber onde estava a sacola, sendo que eu estava de mãos vazias, e não tinha como levar nada ali", descreve a situação.
O rapaz ainda diz que parecia que o segurança recebia orientações a todo momento pelo telefone, mas que ninguém na loja deu uma resposta para o que estava acontecendo. Alguns funcionários, segundo ele, agiram com deboche, e alguns clientes também se incomodaram com a atitude dos atendentes.
"Eles [clientes] vieram até a gente, pessoas que compraram e pediram para devolver a compra, porque não queriam compactuar com aquilo. Foi horrível", desabafa.
Filmagem
A namorada de Guilherme filmou toda a ação. "Tô esperando a justificativa da loja, do por que pediram para ele mostrar a bolsa. Vocês estão achando que a gente roubou, ou é racismo?", questiona a jovem.
"Analisamos que realmente houve um crime de racismo, precisamos acompanhar as investigações, porque temos que averiguar se a Zara tem a característica de manter os seus funcionários em uma política discriminatória, e principalmente, em relação a cor da pele das pessoas que adentram na loja", afirma a advogada do rapaz, Letícia Domingo.
O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), na quarta-feira, 21, como preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Em nota ao Terra, a Polícia informou que imagens de câmeras de segurança e a lista dos funcionários que estavam trabalhando no estabelecimento foram solicitadas.
Uma testemunha informou à polícia que o segurança exigiu que Guilherme indicasse onde deixou a bolsa, além de buscá-la para dar na mão dele. A testemunha também disse que o jogador estava acuado e constrangido na situação.
À TV Globo, a Zara informou que está apurando o ocorrido, e que a abordagem relatada não é prática da companhia, bem como não reflete seu posicionamento e valor. Também à emissora, o Barra Shopping lamentou o ocorrido, e reforça que repudia qualquer tipo de discriminação, e que está a disposição das autoridades.