Jogador de vôlei de praia denuncia ataques homofóbicos durante jogo: "É mulher ou não é?"

Anderson Melo, de 32 anos, compartilhou vídeos do momento nas redes sociais e registrou um boletim de ocorrência

18 mar 2024 - 11h12
Resumo
O atleta de vôlei de praia Anderson Melo, de 32 anos, foi vítima de homofobia durante um jogo do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife. A CBV protocolou um boletim de ocorrência e encaminhará uma denúncia ao Ministério Público.
Confederação Brasileira de Voleibol irá encaminhar denúncia ao MP em caso de ataques homofóbicos ao jogador de vôlei de praia Anderson Melo
Confederação Brasileira de Voleibol irá encaminhar denúncia ao MP em caso de ataques homofóbicos ao jogador de vôlei de praia Anderson Melo
Foto: Reprodução: Instagram/andersonmelo92

O atleta de vôlei de praia Anderson Melo, de 32 anos, foi vítima de homofobia durante um jogo do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife. Em relato nas redes sociais, Anderson compartilhou vídeos da partida em que torcedores gritam ofensas homofóbicas. Ele registrou um boletim de ocorrência.

"Saca na bicha!”, “É mulher ou não é? É! Usa calcinha ou não usa? Usa!”, “Tu não é bicha? Oxe, feminina", disseram os torcedores. O jogo aconteceu na última quinta-feira, 14, e foi transmitido na internet. Telespectadores gravaram as ofensas e enviaram para o jogador.

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"Eu não estava acreditando no que estava acontecendo e eu só lembrava da minha mãe, e o quanto ela tinha medo de me ver sofrer por ser homossexual. Infelizmente, ela não estava aqui para me proteger e nem ninguém. Me senti completamente acuado e sem entender porque as pessoas estavam fazendo aquilo", iniciou Anderson.

"Um ambiente feito para as pessoas apreciarem os atletas, torcer para seus favoritos mas não tentar diminuir, xingar, debochar ou tentar ridicularizar alguém. Perdi o chão. Perdi a bola. Perdi o jogo. Mas não a minha força em estar aqui dividindo com vocês um crime explícito."

O atleta contou que perdeu a mãe em agosto do ano passado e ainda está em processo de luto. Em determinado momento, Anderson não conseguia jogar porque estava chorando. "Eu só escutava a minha mãe falando no meu ouvido. Esse era o maior medo dela quando eu me assumi", disse.

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Anderson disse que não sabe quais serão os próximos passos após registrar o boletim de ocorrência, mas que deseja se recompor como atleta e cidadão. "Eu tenho muito orgulho de ser quem eu sou, do jeito que sou e, assim como eu, todos têm o direito de serem respeitados", afirmou.

Nos comentários, internautas e personalidades prestaram apoio ao jogador. "Que sejam punidos. Sinta-se abraçado", escreveu a cantora Anitta. "Muita força para você e que sejam punidos os responsáveis", comentou a atleta Carol Gattaz.

Ministério Público

Em nota, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) afirmou no último sábado, 16, que repudia veementemente os ataques homofóbicos ao atleta Anderson Melo e que irá fazer um boletim de ocorrência e encaminhar uma denúncia ao Ministério Público.

"A CBV apurou os fatos, reviu as imagens da partida, conversou com a arbitragem e reuniu todas as informações necessárias para, neste sábado, protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia de Recife. O caso também será encaminhado ao Ministério Público local e a CBV acompanhará todos os desdobramentos", informou.

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Após o ocorrido, a CBV passou a transmitir uma mensagem antes de cada partida. "Atenção, torcedores! Racismo, homofobia e outros atos discriminatórios são crime, e não podem fazer parte dos eventos do voleibol brasileiro. Manifestações como as ocorridas nas quadras externas não podem se repetir. Esporte é diversidade, tolerância, respeito e inclusão! E respeito é um dos maiores valores que o esporte ensina! Vamos torcer com paixão! O voleibol por um mundo sem preconceito e discriminação", diz a mensagem.

"A CBV lamenta que Anderson Melo tenha sofrido essa violência e está prestando todo o auxílio ao atleta. A CBV reforça que não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade; e agirá sempre para coibir qualquer manifestação discriminatória em seus eventos", finalizou.

LGBTfobia é crime. Saiba como denunciar 

LGBTfobia é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de LGBTfobia, denuncie. Você pode fazer isso por telefone, ligando 190 (em caso de flagrante) ou 100 a qualquer horário; pessoalmente ou online, abrindo um boletim de ocorrência em qualquer delegacia ou em delegacias especializadas.

Saiba mais sobre como denunciar aqui

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Fonte: Redação Nós
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