Aconteceu nesta terça-feira (9), em Paris, a troca do cargo de primeiro-ministro da França. Saiu Élisabeth Borne, 62 anos, e entrou Gabriel Attal, de 34.
Ele se torna o mais jovem ocupante da função na Quinta República francesa, iniciada em 1958, e o único abertamente homossexual em todos os tempos.
Discreto, Attal foi arrancado do armário no livro escrito por um ex-colega de escola, em 2019. Questionado pouco depois, confirmou a orientação sexual sem se colocar como ativista. “Quanto à homossexualidade, sempre considerei que poderíamos aceitá-la sem reivindicá-la”, disse à revista ‘Closer’.
Em outra entrevista, contou ter sofrido pesada homofobia nos tempos de colégio e também no ambiente virtual, com ataques anônimos.
A SOS Homophobie, organização que apoia a comunidade LGBT+, festejou a chegada do jovem político ao poder.
“Estamos muito satisfeitos por saber que ser gay hoje não é mais um obstáculo para ocupar cargos de chefia. A sociedade está progredindo e essa visibilidade vai na direção certa”, disse em comunicado.
Gabriel Attal é casado com o deputado Stéphane Séjourné, 38 anos, conselheiro do presidente Emmanuel Macron. Segundo canais de notícias, ele teria influenciado pela nomeação do marido.
O casal vai ocupar agora o Hôtel de Matignon, suntuoso palácio parisiense que serve de casa oficial do primeiro-ministro.
País tradicionalmente de esquerda, a França aprovou no parlamento o casamento gay e a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo em 2013.
Presidente desde 2017, o igualmente galã Macron, 46 anos, é alvo de frequente questionamento a respeito de sua sexualidade. Ele afirma que a homofobia e a misoginia explicam os boatos.
Muitas pessoas não aceitam seu casamento com Brigitte, de quem foi aluno, que é 24 anos mais velha. Estão juntos há quase três décadas e não tiveram filho. Ela é mãe de três, do casamento anterior.
Existe um segmento da imprensa francesa especializado em cobrir a vida íntima dos políticos do país. Manchetes sobre traição e filho fora do casamento, por exemplo, sempre rendem debate nacional. Os elegantes e cultos franceses, quem diria, não resistem a uma fofoca.