O Tribunal de Justiça de São Paulo rejeitou nesta segunda-feira,31, a denúncia do Ministério Público (MP) contra o médico obstetra Renato Kalil por lesão corporal e violência doméstica, no caso envolvendo o parto da influenciadora Shantal Verdelho, em setembro de 2021.
A denúncia foi feita na sexta-feira,25, pela Promotoria de Violência Doméstica do Foro Central da capital paulista, que acompanha o caso desde do início das investigações.
De acordo com o juiz Carlos Alberto Corrêa de Almeida Oliveira, da 25ª Vara Criminal de São Paulo, não foram apresentadas provas suficientes no processo para justificar a condenação do médico. O magistrado também pediu o arquivamento do caso.
"Segundo nossa opinião, não se verifica a existência de um fundado motivo para o desenvolvimento de uma ação penal, até o momento, não existindo provas da ocorrência dos crimes imputados", disse na decisão.
Influencer se pronuncia
A influenciadora Shantal Verdelho fez um longo desabafo sobre o assunto em seu Instagram. “Realmente me indigna muita coisa, e vou explicar para vocês o que está acontecendo. Basicamente semana passada o Ministério Público ofereceu uma denúncia contra esse médico sobre o caso do meu parto. Ou seja, o Ministério Público considera que ele é culpado e pediu para um juiz avaliar”, começou ela.
“O juiz que pegou o caso e olhou, e lá no meio de tudo o que tem, vídeos do parto, conversas de WhatsApp, áudios e etc, tem um laudo do IML. Esse laudo deu inconclusivo e foi feito depois de meses do meu parto, o que é normal quando ocorre violência obstétrica. Na hora do parto você está na partolândia, dizem, você sai de si. Caiu a ficha só quando eu olhei os vídeos do meu parto”, disse.
Ela ainda afirmou que fez o exame de corpo de delito meses após o parto, por isso o resultado foi inconclusivo. “Quando fiz a ficha crime, tive que ir ao IML fazer exame de corpo delito. Depois de meses do parto, claro que não iria ter grandes coisas, já tinha sarado. Então o laudo deu inconclusivo. O juiz olhou só esse laudo, que foi apenas o que ele levou em conta, e disse que não há provas suficientes, apesar dos vídeos e de ter contratado um perito, que observou no vídeo todos os momentos em que houve violência obstétrica”.
Durante o desabafo, Shantal também comentou que algumas pacientes que estão defendendo o médico. “Eu também não queria estar passando por isso, não vejo a hora disso acabar para ter paz. Eu fui exposta de um jeito que eu não queria, não gostaria que meu parto tivesse sido exposto, o rosto da minha filha. E depois do meu caso vir a público, surgiram outras mulheres denunciando a mesma pessoa, e não só sobre violência obstétrica. Então uma coisa é você não acreditar em mim, agora caramba, você não acredita em nenhuma das pessoas que estão ali denunciando?”.
“Eu posso vir aqui contar o meu lado da história, mas se nada for feito, mesmo tendo tudo gravado, as pessoas não vão denunciar mesmo. Eu fiz a minha parte, tentei proteger todas essas mulheres, essa causa não é só minha. Não desejo a ninguém, é muito triste ver que em um momento onde você não podia fazer nada, passou por tudo aquilo, que a sua filha passou por tudo aquilo, que ela não veio no ambiente de paz que ela merece. Não desejo que ninguém passe por isso e espero muito que as coisas mudem”, concluiu.
Entenda o caso
A influenciadora Shantal Verdelho fez o exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal), na última terça (21). Ela acusa o médico obstetra Renato Kalil de lesão corporal na vagina durante o parto de sua filha, Domênica, no dia 13 de setembro. A perícia irá apurar se as manobras feitas são consideradas inadequadas.
A influenciadora não tem dúvidas de que o médico, responsável pelo seu parto, fez a chamada manobra de Kristeller, prática que consiste em pressionar a barriga da gestante para empurrar o bebê. O mecanismo, contraindicado pela OMS e pelo Ministério da Saúde, pode comprometer a saúde da mãe e do bebê.