O juiz Felipe Costa da Fonseca Gomes, da 20ª Vara Cível de Brasília do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, acatou nesta segunda-feira (11) a ação movida por quatro entidades contra Nelson Piquet por atitudes racistas e homofóbicas contra Lewis Hamilton e deu 15 dias para que o tricampeão da Fórmula 1 apresente contestação.
As entidades Francisco de Assis: Educação, Cidadania, Inclusão e Direitos Humanos; o Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo; a Aliança Nacional LGBTI; e a Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas (Abrafh) entraram com uma ação depois de virem à tona as falas de Piquet em que trata Hamilton como "neguinho".
A entrevista de Piquet foi concedida em novembro de 2021 ao canal do YouTube 'Motorsports Talks' - que tirou o vídeo do ar e, atualmente, não tem qualquer vídeo publicado. Quando tratou do acidente entre Hamilton e Max Verstappen no GP da Inglaterra do ano passado, o tricampeão mundial usou a expressão racista 'neguinho' para se referir ao piloto. A entrevista viralizou recentemente e chocou toda a comunidade internacional.
Por conta disso, Fórmula 1, FIA e Mercedes expediram comunicados em solidariedade a Hamilton. O próprio heptacampeão se manifestou, bem como Sebastian Vettel, outros pilotos e ex-pilotos e organizações. A Fórmula 1 estuda banir Piquet do paddock para sempre, enquanto o Clube dos Pilotos Britânicos - dono de Silverstone - suspendeu a inscrição do brasileiro. Piquet chegou a se desculpar, mas empurrou a culpa para uma suposta tradução equivocada - claro, em entrevista à imprensa que não fala português.
Acontece que, ainda que o canal tenha tirado a entrevista do ar, o GRANDE PRÊMIO encontrou o vídeo completo e checou mais um trecho. Em dado momento após quase duas horas de entrevista, o ex-piloto é questionado sobre a temporada de 1982 e, mais especificamente, sobre o que achava do campeão daquele ano, Keke Rosberg.
"O Keke? Era um bosta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele [Nico]. Ganhou um campeonato… O neguinho devia estar dando mais cu naquela época, aí tava meio ruim", afirmou.
No começo do mês, Piquet foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios, em representação encabeçada pelos deputados federais do PSOL. O Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios analisará a representação parlamentar do PSOL - que acusa Piquet do crime de discriminação ou preconceito. Áurea Carolina (MG), Talíria Petrone (RJ) e Vivi Reis (PA) lideram a denúncia.