Justiça do DF aceita ação contra Piquet por caso de racismo e homofobia contra Hamilton

A Justiça do Distrito Federal aceitou a ação de entidades ligadas ao movimento negro e a causa LGBTQIA+, que pedem que Nelson Piquet seja condenado em R$ 10 milhões pelas falas racistas e homofóbicas disparadas contra Lewis Hamilton

11 jul 2022 - 17h21
(atualizado em 12/7/2022 às 18h59)
A Justiça do DF aceitou a ação contra Nelson Piquet
A Justiça do DF aceitou a ação contra Nelson Piquet
Foto: Agência Lusa / Grande Prêmio

O juiz Felipe Costa da Fonseca Gomes, da 20ª Vara Cível de Brasília do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, acatou nesta segunda-feira (11) a ação movida por quatro entidades contra Nelson Piquet por atitudes racistas e homofóbicas contra Lewis Hamilton e deu 15 dias para que o tricampeão da Fórmula 1 apresente contestação.

As entidades Francisco de Assis: Educação, Cidadania, Inclusão e Direitos Humanos; o Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo; a Aliança Nacional LGBTI; e a Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas (Abrafh) entraram com uma ação depois de virem à tona as falas de Piquet em que trata Hamilton como "neguinho".

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A entrevista de Piquet foi concedida em novembro de 2021 ao canal do YouTube 'Motorsports Talks' - que tirou o vídeo do ar e, atualmente, não tem qualquer vídeo publicado. Quando tratou do acidente entre Hamilton e Max Verstappen no GP da Inglaterra do ano passado, o tricampeão mundial usou a expressão racista 'neguinho' para se referir ao piloto. A entrevista viralizou recentemente e chocou toda a comunidade internacional.

Lewis Hamilton foi alvo de racismo e homofobia
Foto: Joe Klamar/AFP / Grande Prêmio

Por conta disso, Fórmula 1, FIA e Mercedes expediram comunicados em solidariedade a Hamilton. O próprio heptacampeão se manifestou, bem como Sebastian Vettel, outros pilotos e ex-pilotos e organizações. A Fórmula 1 estuda banir Piquet do paddock para sempre, enquanto o Clube dos Pilotos Britânicos - dono de Silverstone - suspendeu a inscrição do brasileiro. Piquet chegou a se desculpar, mas empurrou a culpa para uma suposta tradução equivocada - claro, em entrevista à imprensa que não fala português.

Acontece que, ainda que o canal tenha tirado a entrevista do ar, o GRANDE PRÊMIO encontrou o vídeo completo e checou mais um trecho. Em dado momento após quase duas horas de entrevista, o ex-piloto é questionado sobre a temporada de 1982 e, mais especificamente, sobre o que achava do campeão daquele ano, Keke Rosberg.

Piquet diz que Keke "era um bosta". Até aí, apesar da grosseria, nada acima dos limites. Mas Nelson resolve comparar com a situação do filho dele, Nico Rosberg, campeão mundial de 2016. É aí que, além de repetir a ofensa racista, ainda empreende um gancho homofóbico contra Hamilton.

"O Keke? Era um bosta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele [Nico]. Ganhou um campeonato… O neguinho devia estar dando mais cu naquela época, aí tava meio ruim", afirmou.

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O valor da causa foi estabelecido pelo TFDFT R$ 10 milhões.

No começo do mês, Piquet foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios, em representação encabeçada pelos deputados federais do PSOL. O Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios analisará a representação parlamentar do PSOL - que acusa Piquet do crime de discriminação ou preconceito. Áurea Carolina (MG), Talíria Petrone (RJ) e Vivi Reis (PA) lideram a denúncia.

"Nossa mandata denunciou Nelson Piquet ao Ministério Público por suas falas racistas contra Lewis Hamilton. O racismo, que estrutura nossa sociedade, precisa ser combatido em todos os lugares", escreveu Petrone em sua página no Twitter.
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