Legado de Dom Phillips e Bruno Pereira é defendido um ano após assassinato na Amazônia

Phillips e Pereira desapareceram em 5 de junho de 2022 em uma viagem ao remoto Vale do Javari, perto da fronteira com o Peru

5 jun 2023 - 14h22
(atualizado às 17h16)
Parentes, amigos e Alessandra Sampaio, viúva do jornalista britânico Dom Phillips, participam de manifestação, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, um ano depois que Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram assassinados na Amazônia
Parentes, amigos e Alessandra Sampaio, viúva do jornalista britânico Dom Phillips, participam de manifestação, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, um ano depois que Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram assassinados na Amazônia
Foto: REUTERS/Pilar Olivares

Um ano após os assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira no interior da floresta amazônica, amigos, parentes e admiradores se reuniram nesta segunda-feira para pedir justiça e proteção das terras indígenas.

Phillips e Pereira desapareceram em 5 de junho de 2022 em uma viagem ao remoto Vale do Javari, perto da fronteira com o Peru. Dias depois, um pescador que havia enfrentado patrulhas indígenas na região confessou ter matado os dois.

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"Esta manifestação reafirma nosso compromisso em preservar o propósito de Dom. Não podemos deixar que isso seja esquecido", disse o cunhado de Phillips, Marcus Sampaio, a repórteres durante o evento na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

Mais tarde, no início de cerimônia no Palácio do Planalto para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente, foi feita uma homenagem aos dois, com a presença das viúvas de Phillips, Alessandra Sampaio, e de Pereira, Beatriz Matos, além da filha do indigenista.

Logo que elas foram anunciadas, autoridades presentes -- incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva -- e convidados ficaram de pé e iniciaram um longo aplauso. Na sequência, a cantora Leila Pinheiro cantou a música "Verde" em memória de Phillips e Pereira e em homenagem à luta pela preservação do meio ambiente e dos povos indígenas.

A polícia alega que o suposto líder de uma quadrilha local planejou os assassinatos porque Pereira representava uma ameaça para a operação de pesca ilegal do grupo.

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Mais manifestações estão planejadas para mais tarde nesta segunda-feira em Brasília e em outras cidades, como forma de homenagear e incentivar a preservação do legado de Phillips e Pereira.

As homenagens ocorrem ao mesmo tempo em que um grupo de jornalistas busca concluir um livro sobre a salvação da Amazônia, no qual Phillips, um jornalista freelancer que escrevia para o The Guardian, Washington Post e outros veículos, estava trabalhando quando foi morto aos 57 anos.

As autoridades federais, por sua vez, prometeram preservar os legados de Phillips e Pereira, com a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, dizendo que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está "unido em defesa da natureza e dos direitos dos povos indígenas".

"A luta continua", tuitou o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, acrescentando que Lula anunciaria novas medidas para proteger o meio ambiente nesta tarde. "Não vamos esquecer o legado que eles nos deixaram."

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Uma das medidas anunciadas diz respeito a um veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a trecho de medida provisória que poderia ampliar as possibilidades legais de desmatamento da Mata Atlântica. O dispositivo foi incluído na MP por deputados e provocou forte reação do setor ambiental.

Alguns estão pedindo ao governo que faça mais para proteger o Vale do Javari, onde traficantes de drogas e caçadores ilegais ameaçam os grupos indígenas mais isolados da Amazônia.

"Nada mudou lá. Os fatores que causaram aquele momento triste ainda estão lá", disse o líder indígena Beto Marubo, amigo de Pereira, ex-funcionário da Funai que tinha 41 anos quando foi morto.

"O governo não fez absolutamente nada", disse Marubo à Reuters.

No mês passado, a Polícia Federal recomendou que sejam apresentadas acusações de má conduta contra o ex-presidente da Funai na época, Marcelo Xavier, por não agir com base nas informações disponíveis anteriores aos assassinatos de Phillips e Pereira.

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