O líder Yanomami Davi Kopenawa disse que se encontrou com o papa Francisco nesta quarta-feira para pedir apoio aos esforços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em salvar o seu povo.
Os yanomamis, cuja população é estimada em cerca de 28.000 pessoas, vivem na maior reserva indígena do Brasil, nos Estados de Roraima e Amazonas. A invasão de suas terras por garimpeiros ilegais tem causado desnutrição e mortes.
"Pedi ao papa (para) dar apoio ao governo Lula, porque Lula precisa de companheiros. Sozinho não consegue. A política não quer que Lula resolva", disse Kopenawa aos repórteres.
"O papa falou que vai conversar com ele."
Kopenawa, um xamã que cofundou e preside a Hutukara Associação Yanomami, que faz campanha pelos direitos indígenas e pela preservação da Amazônia, encontrou-se com Francisco no Vaticano.
Ele mencionou a contaminação da água por mercúrio - usado por garimpeiros na mineração ilegal - como uma das maiores ameaças à sua comunidade, junto do desmatamento para a criação de gado e o cultivo da soja.
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou contaminação por mercúrio em nove aldeias do território Yanomami, a partir de amostras de cabelo de cerca de 287 indígenas coletadas em outubro de 2022.
O território Yanomami, uma área aproximadamente do tamanho de Portugal, tem sido invadido por garimpeiros há décadas, mas as incursões destrutivas se multiplicaram nos últimos anos, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro desmantelou proteções ambientais.
Desde sua posse no ano passado, Lula tem liderado esforços para expulsar os garimpeiros ilegais do território. Em janeiro, o governo anunciou 1,2 bilhão de reais em ajuda para áreas indígenas.
Francisco tem feito da defesa do meio ambiente um dos pilares de seu papado e condenado repetidamente o saque de recursos naturais na Amazônia e em outros lugares.