Em um processo de inclusão, cerimonialistas de eventos do novo governo têm utilizado o termo "todes" durante cerimônias oficiais, sempre somado aos termos, "todos e todas".
Segundo levantamento do jornal "O GLOBO", em pelo menos seis eventos de posse de ministros e ministras o termo foi últilizado: Fazenda, Direitos Humanos e Cidadania, Cultura, Mulher e das secretarias Geral da Presidência e de Relações Institucionais.
O uso do "todes" pode ser considerado um passo inicial para o uso da linguagem neutra, muito debatida dentro e fora da comunidade LGBTQIA+. A defesa principal do uso é o reconhecimento e inculsão de pessoas que não se identificam com os gêneros feminino e masculino, seja no campo da identidade ou da expressão de gênero ou seja pessoas, agênero ou não bináries.
Por outro lado, dentro da comunidade LGBTQIA+ existem debates que vão da acessibilidade, no caso de pessoas com deficiência, como por exemplo, os programas de audiotranscrição, que em tese não reconheceriam o termo.
A princípio, a proposta adotada pela linguagem neutra era o uso do X no lugar das vogais A e O em substantivo, porém, pela dificuldade de vocalização e leitura, a proposta foi a substituição pelas vogais E e U. No caso dos pronomes, o uso atual são: “elu”, “delu”, “ile” e “dile”.
O poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918) afirmou que a língua portuguesa é algo vivo. A fala é, até hoje, reproduzida por linguísta e aplicada para praticamente todas as línguas. Termos e expressões são somados ao vocabulário, assim como reformas gramaticais realizadas ao longo das décadas.
Nos últimos anos, grupos conservadores atacaram diretamente a linguagem neutra, por ser um dos símbolos dos debates de gênero e uma ferramenta de inclusão e diversidade. A proibição da linguagem neutra nas escolas é tema de 58 projetos de lei propostos desde 2019 em 20 estados no Brasil, segundo levantamento de O GLOBO.
Apenas o projeto do Sargento Eyder Brasil (PL), de Rondônia, foi aprovado, em outubro de 2021, porém derrubado quando a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino entrou com uma ação no STF, alegando que a legislação apresentava preconceitos e intolerâncias incompatíveis com a ordem democrática e os valores humanos.
O ministro Edson Fachin acolheu a ação e, em dezembro, o ministro Kassio Nunes, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsanaro ao Supremo, pediu vista e o julgamento foi paralisado.