Linguagem neutra passa a ser adotada por governo Lula

O termo "todes" foi utilizado em pelo menos seis cerimônias de posse de novos ministros e ministras

6 jan 2023 - 13h31
(atualizado às 13h34)
Linguagem neutra foi usada durante posse do ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida
Linguagem neutra foi usada durante posse do ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida
Foto: Matheus W Alves/Futura Press

Em um processo de inclusão, cerimonialistas de eventos do novo governo têm utilizado o termo "todes" durante cerimônias oficiais, sempre somado aos termos, "todos e todas".

Segundo levantamento do jornal "O GLOBO", em pelo menos seis eventos de posse de ministros e ministras o termo foi últilizado: Fazenda, Direitos Humanos e Cidadania, Cultura, Mulher e das secretarias Geral da Presidência e de Relações Institucionais.

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O uso do "todes" pode ser considerado um passo inicial para o uso da linguagem neutra, muito debatida dentro e fora da comunidade LGBTQIA+. A defesa principal do uso é o reconhecimento e inculsão de pessoas que não se identificam com os gêneros feminino e masculino, seja no campo da identidade ou da expressão de gênero ou seja pessoas, agênero ou não bináries.

Por outro lado, dentro da comunidade LGBTQIA+ existem debates que vão da acessibilidade, no caso de pessoas com deficiência, como por exemplo, os programas de audiotranscrição, que em tese não reconheceriam o termo.

A princípio, a proposta adotada pela linguagem neutra era o uso do X no lugar das vogais A e O em substantivo, porém, pela dificuldade de vocalização e leitura, a proposta foi a substituição pelas vogais E e U. No caso dos pronomes, o uso atual são: “elu”, “delu”, “ile” e “dile”. 

O poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918) afirmou que a língua portuguesa é algo vivo. A fala é, até hoje, reproduzida por linguísta e aplicada para praticamente todas as línguas. Termos e expressões são somados ao vocabulário, assim como reformas gramaticais realizadas ao longo das décadas. 

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Nos últimos anos, grupos conservadores atacaram diretamente a linguagem neutra, por ser um dos símbolos dos debates de gênero e uma ferramenta de inclusão e diversidade. A proibição da linguagem neutra nas escolas é tema de 58 projetos de lei propostos desde 2019 em 20 estados no Brasil, segundo levantamento de O GLOBO.

Apenas o projeto do Sargento Eyder Brasil (PL), de Rondônia, foi aprovado, em outubro de 2021, porém  derrubado quando a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino entrou com uma ação no STF, alegando que a legislação apresentava preconceitos e intolerâncias incompatíveis com a ordem democrática e os valores humanos.

O ministro Edson Fachin acolheu a ação e, em dezembro, o ministro Kassio Nunes, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsanaro ao Supremo, pediu vista e o julgamento foi paralisado.

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Fonte: Redação Nós
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